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Buscando...?

sexta-feira, 22 de junho de 2012

por que que a gente é assim?

não sou um grande leitor de suttas. 
na maior parte das vezes que vou a um sutta é porque ele foi, todo ou em parte, comentado em algum texto que eu esteja lendo. e aí eu fico maravilhado pela perspicácia do Buddha, pela beleza e profundidade da metáfora e, quase sempre, por eu já ter passado por ali e não ter apreendido toda a nuance do agora tão completo ensinamento.
por eu conhecer pouco os suttas eu não deveria expressar a ideia que vou mesmo assim.
ainda não vi o Buddha dizer que o mundo é perfeito.
ainda não vi o Buddha dizer que a natureza das coisas é bela. que tudo é maravilhoso em si. ainda não vi o Buddha dizer para nos fazermos abertos à mágica da vida.
o que sempre encontro é o Buddha falando da necessidade do desapego, do desencanto, da temeridade do surgir e cessar dos compostos, da vanidade da beleza, da doença, do envelhecimento, da morte e da absoluta necessidade do escape disso tudo.
mas não é raro eu ver textos de dhamma falando as coisas que eu ainda não vi o Buddha falar.
mas, se eu não estiver escrevendo (mais) uma grande besteira, por que o Buddha não falava, então?
porque Ele sabia como a gente é.
é porque Ele sabia que daríamos um jeito de elucubrar formas absurdas para despertar e continuar dormindo. Ele sabia da nossa incomensurável preguiça e sono. Ele sabia que a mais tênue sujestão de concessão ao samsara iria prevalecer sobre qualquer milhar de conselhos que desse para abandoná-lo. 
então, mesmo que o Buddha não tenha feito tal concessão, como eu disse, não sou qualificado para afirmar isso, ela foi achada e nós nos aconchegamos nela sempre que podemos ou descuidamos.
e a noite nunca tem fim. 
preferimos tais abordagens e nos encantamos na sua profundidade. aquelas vindas de mentes que superaram a dualidade. que afirmam a maravilha do surgir e cessar, a mágica do existir, o fulgor, a intensa beleza e possibilidades que a vida nos oferece. isto sim é a sabedoria que combina com o modo como sabemos ser. nos é agradavelmente enlevante. aí não é a vida que é imperfeita, nós é que não sabemos enxergar sua perfeição, afinal podemos escapar da prisão e continuar nela, como um pasarinho capaz de voar carregando a gaiola consigo.
eu vou continuar buscando pela condescendência do Buddha.
enquanto não a encontro, prefiro me manter empenhado em um dia compreender "sabbe sankhara dukkha".
e pedindo para que, por favor, me ajudem a corrigir meu possível erro.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

quando o sol...

tudo é dor
e toda dor
vem do desejo
de não sentirmos dor

este, talvez, tenha sido meu primeiro contato com o ensinamento buddhista. no encarte do álbum consta que o renato russo tirou este e alguns outros de um livro buddhista que ele encontrara em um hotel. embora eu sempre tenha sido um tanto orientado, nos moldes do que cantava o gilberto gil, meu interesse se mantinha no tao te ching, no i ching, no kung-fu... talvez por algumas visões de gordinhos em pratinhos cheios de moedas eu nunca havia me interessado pelo Buddha. 
e nem naquele tal contato me interessei. meu sistema imunológico preferiu outras partes da música. ouvia tudo é dor mas me deleitava era no o sol nasce para todos.
anos depois, durante o período em que frequentei um centro tibetano, o monge professor deu uma série de palestras baseadas em frases de uma outra canção do mesmo álbum: há tempos.

disciplina é liberdade
compaixão é fortaleza
ter bondade é ter coragem

muito boas. a canção e as palestras.
mas interessar-se pelo buddhismo é interessar-se pelo sofrimento.
o sol nasce para todos, causa queimaduras e câncer de pele.
se ficamos com o nascer do sol, perdemos. se ficamos com as queimaduras, perdemos também.
o buddhismo é o caminho que leva para onde o sol não nasce mais. nem a lua, nem as estrelas.
quando o sol bater na janela do teu quarto, lembra e vê que, mais cedo ou mais tarde, você vai ter problema...



quarta-feira, 6 de junho de 2012

it's the end of the world as we know it (and i feel fine)

O "Propósito" da Vida


Num emprego abusado, a palavra 'desculpa' seria uma melhor opção, porque não há propósito algum que, em si, não pressuponha alguma forma de vida. Todos os chamados 'propósitos' impingidos à vida pelos seres não despertos para torná-la mais alegre são apenas meras "desculpas". O buddhismo enfrenta diretamente o vazio absoluto da vida quando a iguala a "Dukkha" - a verdade amarga (do sofrimento). Segundo sua análise, se pode-se falar do propósito da vida, este é nada menos que o esforço para levar à cessação da existência samsárica - o círculo vicioso. Esta sendo a única desculpa justificável.


e com este trecho cheguei ao fim da 1ª leitura do livreto "Towards Calm And Insight" do Venerável (Venerabilíssimo e cada vez mais essencial na minha prática espiritual) Bhante Katukurunde Ñanananda. 
muitas questões nascem de uma passagem tão "radical":
será possível para um não monge realmente ser buddhista?
que implicações, em termos de qualidade de vida, gera uma ideia como essa?
é possível viver a vida sendo sincero consigo mesmo e ao mesmo tempo concordar em absoluto com o autor?
onde tal pensamento irá me (nos?) levar?
...
and i feel fine...
e cada vez mais disposto e entusiasmado na busca de respostas para todas estas perguntas!!!

vai que alguém queira me processar, e a vida já é dukkha, por si só um processo, o título deste post é homônimo de uma música da banda americana r.e.m. 
eis o link para letra e som:
pode ter algo a ver... ou não... mas o título é muito bom!

abaixo o original do Venerável em inglês e o link para o livreto:

The 'Purpose' of Life

A misuse of the word 'Excuse' would be a better substitute, because there is no purpose that does not itself presuppose some form of life. All so-called 'purposes' foisted on life by the worldling to brighten it up, are but mere 'excuses'. Buddhism faces squarely the utter hollowness of life when it equates it with 'Dukkha'  -  the bitter truth (of suffering). According to its analysis,  if one can speak of the purpose of life,  it is none other than the endeavour to bring about the cessation of samsaric existence  -  the vicious circle. This is the only excuse that is justifiable.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

o que dá para fazer ll

se eu sei que uma coisa me faz bem eu vou querer que muitos saibam da existência dela. vou querer que esta coisa permaneça neste mundo por muito tempo, que muitos possam ter acesso a ela, de forma constante, segura. que esta coisa seja preservada da forma mais pura possível conforme me beneficiou.
o Caminho do Buddha, o Buddha Sasana, que a maioria conhece como buddhismo, é esta coisa para mim.
a minha maneira de trabalhar por este objetivo é compartilhar minha compreensão do Buddhadhamma bem como aquelas fontes de onde nasce tal compreensão. se mais pessoas surgirem, se as condições forem se combinando, se as bases forem se tornando tão sólidas quanto anicca, dukkha e anatta permitirem, as ocorrências indubitavelmente evoluirão naturalmente, sem pressa, de acordo com o tempo, esteja eu manifesto por aqui ou não, mas tendo feito a minha parte.
veja o vídeo:


Speech by ReadSpeaker