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Buscando...?

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Yāvadeva

Hoje participei de uma ação social organizada por um grupo de direita. Com direito a camiseta (neles) escrito "direita" alguma coisa. E um diálogo sobre o porquê de Bolsonaro, disseram eles, ser a "melhor opção" que temos. 
E um pouquinho mais sobre política geral.
Eu não sabia deles até chegar lá, eles não sabiam de mim até começarmos a conversar.
Depois do nosso breve bate-papo ficou um clima e veio o silêncio. E seguimos cada qual a fazer o que nos dispomos a fazer.
E foi isso.
A pessoa que foi chamada para argumentar comigo mais longamente se disse um "ex-esquerdista", desencantado e até revoltado com o que presenciou nos tempos de militância, no sindicato da sua categoria. Entendo ele completamente. Militar em qualquer causa com humanos é decepcionante. Esse é um ponto que, parece, não gostamos muito de ver. A causa da decepção deveria ser nosso foco de investigação, mas é o caminho mais fácil que tomamos, quase sempre, de manter algo externo como a causa.
E este desencanto nos leva ao encantamento com outra coisa, e outra coisa, e outra coisa na eterna esperança de que vá dar certo.
Até o momento, pra mim, parece que não deu.
O que fazer?
Hoje eu sou feliz por poder acessar falas, vídeos e textos de Márcia Tiburi e de Bruno Garschagen, por exemplo, de praticamente qualquer lugar e a qualquer momento. Pensamentos distintos, encantamentos distintos, caminhos distintos mas mentes dedicadas, aparentemente, a nos manter na busca por algo menos ruim, na minha visão, melhor, na visão deles. 
Mas...
O lugar onde tudo se revela como absolutamente inviável e inerentemente precário é meu ponto de observação. De partida e chegada. 
Naquele dia estávamos fazendo as vidas de algumas pessoas parecerem menos miseráveis, mais suportáveis. Ao menos tentávamos. Oferecíamos a elas um momento menos difícil. Do meu ponto de vista, algo vital e necessário. 
O que elas fariam daquela pequena alegria não deve nos importar. Em quem vão votar talvez importe um pouco... 
Mas...
Parece, para alguns mais do que para mim, que o Brasil está dividido, em conflito, guerra ideológica. Talvez haja um pouco disso. Mas no mundo real, aquele mundo anterior à conexão doentia das redes sociais, é possível dialogar, discordar e, em silêncio, trabalhar junto, desfrutar de e proporcionar momentos menos insuportáveis de vida.
Acreditar que vai dar certo pode fazer um grande mal.
Acordar pela manhã, contemplar o vazio, lugar de partida e chegada, e seguir dando um passo para que outro possa ser dado, atento no desencantar-se, neste mundo em incessante rodopio de encantos e promessas me faz muito bem.

domingo, 25 de junho de 2017

quem pensa que está pensando?

nada permanece por que o movimento para preencher o vazio é incessante



                        e do vazio nada se pode falar      

             talvez experimentar


e o saber na mente que experimentou o vazio



                                                                   a mente o traz consigo pela sua criação mágica de                                                      

                                         existência


que é o nome para o movimento    


só há movimento



                               e o tudo agora é uma avalanche
                               um incêndio?
   

                                                                                    um turbilhão

para não se perder no meio disso



                                                                      não há o que fazer




desfaça-se







                                      

segunda-feira, 24 de abril de 2017

me editar








fora isso 

que senta e pensa 
que pensa e passa
que passa e volta
que volta e sente
que sente e sofre
que sofre e surta
que surta e levanta
que levanta e pensa
que pensa e passa
que passa e volta
que volta e senta
que senta e sofre
que sofre e sente
que sente e pensa
que pensa e surta

fora isso

não encontrei mais nada

quarta-feira, 29 de março de 2017

imagens

Forma é como uma massa de espuma;
sensação uma bolha de água;
percepção uma miragem;
formações volitivas uma bananeira;
consciência, um truque de mágica


O Caminho começa onde estamos. 
Esse é um fundamento explicitado no Dhamma do Budddha por toda a coleção de seus ensinamentos no cânone antigo.
É aqui. É agora.
Você não começa por acreditar. Nem por não acreditar.
Você começa por ver o que está agora e observar isso, girar isso, burilar, mudar de posição, ficar nisso, investigar coisas que sempre pareceram não ter nada para investigar.

Uma instância em que este princípio se mostra de forma fascinante, na minha opinião, é quando o Buddha se utiliza de imagens como as do sutta citado acima para nos apontar a profundidade que Sua sabedoria alcança. 
Vamos das impressões causadas por obviedades imergindo a visão em profundidades até então não alcançadas no nosso mundo pessoal. 
E esse nosso mundo começa a ser transformado, mas no que sempre foi. 
Uma divertida sensação de espanto com aquilo que já era. 

Speech by ReadSpeaker