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Bornes relacionados com Miniaturas

Buscando...?

domingo, 28 de abril de 2013

brevis

não há problema em dizer 'eu'. 
'eu vou', 'eu sou', 'eu quero'.
o problema é que sentimos que há tal entidade. culpa da ignorância, o escuro que impede a percepção do que surge e cessa incessantemente.
a escuridão da ignorância é a condição para tudo que existe no mundo. avijja paccaya sankhara.
só isso já é tarefa para alguns dias: olhar para o entorno e tomar consciência da escuridão.



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sábado, 20 de abril de 2013

a coprofagia da cadelinha, o filho, o pai, a biologia e o dhammā

"...eu falei com a (...)inha e ela deu rizada! disse que é legal ter um cachorro que come cocô, a gente economiza ração!"
"é, hehehe. seria legal se ela comesse cocô e soltasse ração, né filho!? era só arrumar um cachorro normal e a gente tava feito!"
"é mesmo! seria perfeito"
"mas tem um problema nessa lógica louca nossa, filho: ia sempre faltar um pouquinho mais de alimento a cada vez..."
"hmmm, como assim?"
"ué! eles iam crescer como? de onde sai o corpo novo que eles vão tendo que por no lugar do que vai morrendo?"
"é mesmo...!"
"ela é feita de ração! nós todos somos feitos daquilo que comemos."
"somos feitos de comida! hehehe!"
"nosso corpo vai pegando uma coisa e transformando em outra. juntando os tijolinhos que faz de comida."
...
"e aí surge uma pergunta filho: se nosso corpo é feito de comida, do que é feito o nosso eu?"
"ih, pai! lá vem você com as suas filosofias...!"
"hahahahahaha."






terça-feira, 16 de abril de 2013

é água, moço?

estou recebendo treinamento de combate a incêndios e de primeiros socorros. 
numa parte do treinamento foi exibida uma reportagem do fantástico sobre a condição precária dos bombeiros pelo brasil a dentro. 
num dado momento, a coisa exibe um nível de surrealidade que só aqui neste quinto dos infernos é capaz de chegar, levando em consideração que somos sede das próximas copa e olimpíadas. numa cidade de não sei onde nestas terras, um caminhão destinado a limpeza de fossas é solicitado a descarregar o conteúdo de seu tanque nas chamas de um incêndio por ser o recurso mais eficaz disponível para a situação, e a primeira vez não fora esta diante das câmeras. desgraça absoluta ganhou alguma graça, pois que nisso somos um povo campeão, quando o operador, com seu belíssimo sotaque nordestino, narra sua desventura: "...aí me perguntaram: é água moço? e digo: não, é fezes!".
claro, gargalhei como bom brasileiro.
como buddhista radical, a metáfora explodiu na minha cara: mas não é mais ou menos isso que estamos a fazer constantemente com as chamas do mundo? não é com recursos parecidos que nos lançamos ao combate do incêndio onipresente que nos anima?

domingo, 14 de abril de 2013

possibilidades

continuo ateu.
buddhista radical (depois do desagrado, pesquise o significado de 'radical').
mas o vídeo linkado abaixo expõe idéias básicas para uma vida mais feliz. ou menos infeliz, que eu acho mais apropriado e é exatamente a mesma coisa, não é?

https://www.youtube.com/watch?v=4ByMrajJL4k

terça-feira, 9 de abril de 2013

diálogo impertinente ll

o cara está passando por problemas:
"tá todo mundo doente lá em casa... mulher com dor que ninguém resolve, filha com alguma coisa, eu com este crônico tal..."
"vocês tem ido na igreja? talvez precisem rezar mais..."
"mas você não é budista? por que está mandando eu ir pra igreja?"
"você quer que as coisas melhorem ou quer se aprofundar na natureza de doença, sofrimento e morte que é a vida?"
"quero melhorar, claro!"
"então vai na igreja, quando as coisas melhorarem a gente conversa sobre budismo."

sexta-feira, 5 de abril de 2013

descordar

a metáfora que vou apresentar a seguir nas minhas palavras aparece no oitavo sermão da série 'nibbāna - the mind stilled' do nunca suficientemente venerado venerável bhante katukurunde ñanananda. elaborada, rica e luminosa como é o todo de seus preciosíssimos textos, penso que a contemplação cuidadosa desta analogia pode fazer surgir um entendimento profundo. passemos a ela.
imagine longos cabos ou cordões. ao redor e ao longo de um os outros serão enrolados para formar uma corda. duas pessoas se põe, uma em cada extremo, para realizar a tarefa. para que surja a corda, cada um deve enrolar no sentido contrário do outro, note bem este detalhe. um terceiro elemento, digamos eu, se posiciona no meio entre os extremos sem ser notado (faça um esforço para aceitar isso) e segura os tais cordões num ponto de modo a impedir o enrolamento naquele ponto.
nos dois extremos os enroladores começam a sua tarefa. porém, eles começam e permanecem enrolando no mesmo sentido, para o mesmo lado, note bem também este detalhe. com o ponto intermediário preso por mim, mesmo com os extremos sendo enrolados na mesma direção uma corda começa a surgir e a se tornar cada vez mais corda, mais rígida, mais tensa conforme o trabalho prossegue.
então eu, num dado momento, quando uma bela corda é aparente, resolvo soltar aquele ponto. o que ocorre com a corda? ela imediatamente se desfaz. pela própria tensão acumulada, uma vez que o enrolamento foi feito na mesma direção nos dois extremos, o desenrolamento espontâneo revela que nenhuma corda foi construída, ela só existiu na dependência do ponto em que eu estava agarrado.

pense nisso.

uma corda só poderia ser feita se houvesse a discórdia entre os dois extremos, um teria que girar para o lado oposto do outro, se os dois lados estiverem em acordo, nenhuma corda poderá surgir. 
e eles sempre estiveram em acordo, ambos giravam para o mesmo lado, mas o eu agarrado no meio criava uma aparente discordância e uma aparência de corda surgiu.
assim é com nossa mente e os seus objetos. ambos giram para o mesmo lado da impermanência (anicca), do sofrimento (dukkha) e da ausência de ego (anattā), mas uma aparência de permanência, de felicidade e de eu se mantém agarrada no meio nos fazendo construir (sakhāra) um mundo em completa discordância com a realidade, trançando cordas que nos prendem ao sasāra. a qualquer momento em que este apego ao meio se desfaça, a corda se descorda, entramos em acordo com o mundo e começamos acordar.
estas últimas linhas um tributo a humberto gessinger.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

formiga

a formiga parou para limpar as antenas, mas veio um suspiro, uma inspiração que trouxe o pensar: eu sou um ser realmente especial. faço parte de uma colônia fantástica, nossa disciplina e inteligência coletiva são impressionantes, construímos complexos sistemas de túneis e galerias sofisticadamente concebidos e organizados. nossa rainha, a majestosa mãe de todos, nos abastece com novos e perfeitos membros incansavelmente, sejamos milhares ou milhões reina a harmonia e a beleza em nossa comunidade, somos seres de imensurável importância para o equilíbrio da vida como um todo.
sou, verdadeiramente, um ser maravilhoso.
nisso um pé pisa sobre a pensadora.
uma outra característica maviosa das formigas é o fato de elas suportarem terríveis ferimentos e agonizarem por um bom tempo.
mas não desta vez.
eviscerada, só teve tempo de pensar: o que aconteceu?

Speech by ReadSpeaker