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Bornes relacionados com Miniaturas

Buscando...?

domingo, 31 de maio de 2009

Testemunho

Ainda há gente que relaciona buddhismo a 'erudição' e 'práticas ascéticas'!
Num país com a média per capta de leitura do Brasil, realmente não ter como ouvir o Dhamma com a frequência que precisamos, acaba por nos tornar 'eruditos'. Temos que ler, talvez, um volume acima da média de três livros por ano!! E é possível que, para alguns, treinar a introspecção e a atenção, e manter um comportamento ético com base nos Cinco Preceitos seja uma prática de ascetismo!!
Fora isso, acho que quem afirma tais bobagens padece mesmo é de ignorância. Desconhece aquilo sobre o que está falando. E, hoje em dia, isso é um completo absurdo!
Há uma imensa quantidade de sites sobre as mais variadas tradições, em trocentos idiomas.
Por que falar bobagem?
No século passado, eu lia sobre o 'hinayana' e ficava aquilo na minha cabeça: "hinayana, hinayana... Como será esse tal de hinayana?" Naquele tempo os livros eram escassos, era uma peregrinação por sebos e livrarias, contato por carta... Outros tempos! Mas eu nunca acreditei muito naquelas histórias que eu lia. Ficava era mais curioso!
Hoje aqui estou, praticante do Theravada, o ramo mais antigo do buddhismo, aquele que preserva o conjunto de escrituras mais próximo histórica e geograficamente do próprio Buddha, um pacato cidadão, pai de família, industriário, um cara normal, nem erudito, nem asceta (ainda não fui para nenhuma caverna!) que colhe diariamente os benefícios da introspecção, da modesta horinha de meditação, do comportamento esforçado, da contemplação constante das verdades reveladas pelo Buddha e que acredita que o nibbana é uma meta tão desejável (e realizável!) hoje quanto era e tem sido por mais de dois mil e quinhentos anos!
E até escrevo num blog!
Se você chegou aqui clicando pelo mundo virtual, não considere algo confiável. Por isso mesmo há uma lista de links aí do lado para que você comece a construir a sua própria opinião e conhecimento.
Como eu disse, sou apenas um pacato cidadão que resolveu colocar o seu grãozinho de areia no caminho para que outros saibam que, entre outras coisas, esse papo de erudição e ascetismo é uma furada e pode impedir muita gente, por um tempo pelo menos, de conhecer um caminho digno e, principalmente, plenamente possível de ser trilhado.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Atroz é Avijja

Diante deste fato absurdo que vitima mais uma criança, como outros que vêm numa sequência assustadora nos torturando pelos últimos anos, como pai, são o horror, o medo e a dor as reações imediatas a um tiro disparado contra a cabeça de uma menina de oito anos de idade por um rapaz de 17 em um assalto numa cidade de SP.
Como buddhista, entendo que preciso ir além da reação natural e espontânea.
Acredito que, de acordo com o que o Buddha ensinou, não devemos aceitar a distância que imediatamente surge entre nós e os 'monstros' que protagonizam tais atrocidades. Antes, me parece ser mais realista e de acordo com o Buddhadhamma, examinar as nossas mentes buscando identificar aquelas sementes ruins que, se nutridas, dariam os frutos apodrecidos de ações abomináveis como estas. Identificar à nossa volta quais são as condições que tornam possível essa safra maldita que temos colhido tão frequentemente. Porque o Buddha ensina que não há outro mal que não sejam as três raízes da aversão, do apego e da ignorância, sendo, esta última, a que reina sobre as outras duas. Ela que nos engana, nos obscurece o pensamento, nos entorpece o julgamento.
Em mim e nos 'monstros'.
Penso que o meu dever como buddhista, no sentido de proteger o mundo, deve ser estar atento a esta miséria comum antes de clamar por qualquer outra coisa.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Ajahn Chah



...e aquele momento foi encerrado por um pequeno encontro com Ajahn Chah! 
Ele estava ali mesmo, por perto, junto com Buddhadasa, Bikkhu Bodhi... então, abri o livro e fui até ele!
O primeiro texto que li de Ajahn Chah foi O Gosto da Liberdade. Gostei mas não me impressionou muito. Um professor me disse que Ajahn Chah não era muito de estudo, o negócio dele era enfatizar a prática, daí eu entendi a minha então pouca afinidade com o mestre... 
Mas leitura vai, livro vem e a gente vai aprendendo alguma coisa aqui e ali... Suttas e um pouquinho de Abhiddhamma e outros textos e me cai na mão o "Living Dhamma", uma coletânea de palestras do mestre. E eu fiquei fascinado pelo livro! (tem o link para a versão on line dele aqui no "mapas no caminho"). 
Embora ele não enfatizasse o estudo, tenho a impressão de que quanto mais me 'instruo' sobre o Buddhadhamma, mais claras ficam as suas instruções! Passei a perceber e ser tocado pela sabedoria que habita na simplicidade de suas palavras de uma maneira muito pungente! É como se visse por trás daqueles singelos conselhos e raciocínios, reconhecendo a verdadeira sabedoria de um, para mim, agora, inigualável mestre. Claro que esta afirmação com respeito a ele eu já havia visto dita por gente muito mais 'esperta' que eu, mas não sou de ir acreditando nem concordando com nada logo de cara...! 
Mas sei que hoje, não perco nenhuma oportunidade de 'encontrar' com Ajahn Chah!
E recomendo para todos aqueles que queiram efetivamente viver sua vida no Caminho, se ainda não conhecem, busquem conhecer! O velhinho sabe das coisas!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Altar


Tive que desmontar o meu altar por um período. 
Sem problema para um cara pragmático, desde pequeno fã do sr. Spock. 
Continuei fazendo minhas práticas normalmente de frente para uma inspiradora parede azul...
Há poucos dias refiz o meu altar. Pus lá a minha imagem do Buddha, arranjei espaço para os meus livros de dhamma, ficou bem melhor, mais simples e com tudo num lugar só. 
Ontem, chegando do trabalho senti vontade de sentar-me diante do altar. 
E sentei. 
Mas fiquei sentado, olhando para o Buddha, sem meditar, sem recitar, só ali. 
E foi vindo na minha mente aquilo que fui compreendendo Dele pelo meu tempo de prática. 
A sensação de estar diante de um ser plenamente confiável, sábio, disposto a fazer o possível para me ajudar a encontrar o que procuro. Fiquei ali, massageando a mente/coração com aquela sensação de respeito e admiração por um ser que aprendi ser inigualável no mundo e ao mesmo tempo empaticamente acessível apesar do tempo e espaço que nos separa. 
O corpo cansado. 
A mente/coração desfrutando do momento. 
Sentar diante do altar para um 'bate-papo informal' como este com o Tathagata era uma coisa que ainda não tinha feito. 
É uma coisa que eu nunca imaginei o sr. Spock fazendo. 
O altar tem a função de servir como inspiração para a meditação! É sentar, focar a mente, se esforçar para dar mais um passinho de protozoário rumo ao nibbana! Não para 'jogar conversa fora!' 
Mas foi tão bom sentar ali e ficar 'ouvindo' o Buddha falar lá de longe, pelo tempo... E Sua voz soando tão perto...
Perdão, sr. Spock.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Um Problema de Todo Mundo 3


O encanto pelo mundo depende da ilusão de que existe um ego. Depende da ilusão da existência do experimentador, do possuidor da experiência. Daquele eu concebido pela ignorância (avijja) que permanece além das experiências.
Se alcançarmos a visão do surgimento e cessação de todos os fenômenos, o encanto pelo mundo dá lugar ao desencanto. Não havendo mais o conceito do observador, com o conhecimento de que tudo é um surgir e cessar contínuo e incontrolável, incluindo os próprios momentos mentais, os fenômenos perdem a sua graça! O processo de existir se revela em todo o seu vazio opressivo. Veremos a grande ilusão que é crer que podemos ser ou ter qualquer coisa! Desistiremos dessa fantasia irrealizável e viveremos a nossa vida da única forma em que ela pode ser vivida. Desencantados pelo mundo, não iludidos, sem desejos ou anseios, sem revolta. Felizes por aceitar e saber que não há felicidade no mundo!
É como me parece ser o que o Buddha ensinou...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Feliz Vesak!


Nunca fui muito dado a cerimônias e sempre achei que estabelecer datas comemorativas é o primeiro sinal de que o objeto da comemoração será esquecido pelo resto do tempo...
Desejo que o Vesak seja para todos nós um dia de lembrança da vida e do dhamma do Buddha. Que possamos vê-los como uma coisa só. Que seja um dia para lembrarmos do nosso compromisso com o nosso próprio despertar. Que lembremos da genorisidade, ética, compaixão, bondade, verdade. Que o Vesak seja um dia de consciência como todos os dias devem ser. Que possamos honrar o Buddha com nossas mentes atentas às três características da existência. Que possamos reforçar o nosso compromisso de sermos propagadores do Buddhadhamma com nossas ações e comportamentos tanto quanto com nossas palavras.
Abaixo, um trecho do informativo de Vesak do Grupo Nalanda de Recife onde haverá comemorações hoje.

Segundo a tradição, o próprio Buddha instruiu seus discípulos sobre como deviam prestar-lhe homenagem. Momentos antes de morrer ele viu Ananda, seu fiel assistente, chorar. O Buddha então advertiu-o a não chorar, mas compreender a lei universal de que todas as coisas condicionadas (incluindo seu próprio corpo) devem desintegrar- se.

Ele advertiu aos seus discípulos que não chorassem pela desintegração do seu corpo físico, mas que se apoiassem no Dhamma pois somente a verdade do Dhamma é eterna e não é sujeita à impermanência. Ele também enfatizou que o modo correto de prestar-lhe homenagem seria a prática sincera e verdadeira dos seus ensinamentos.


quarta-feira, 6 de maio de 2009

Um Problema de Todo Mundo 2


Não há qualquer entidade, ego ou alma que passe de um momento a outro no nosso processo de existir, mas nós achamos que há. E é nos momentos de experiência mais intensa que esta ilusão torna-se mais evidente. Quando desejamos, experimentamos ou sentimos algo fortemente o 'eu' torna-se mais saliente, perceptível, destacado... Nestes momentos, podemos dizer, o eu nasce com imenso estardalhaço!
Mas toda experiência nada mais é que um surgir e cessar constante (sabbe sankhara anicca) e o ego assim nascido, em razão de um fenômeno passageiro, incerto, momentâneo fica à deriva quando o que motivou sua existência cessa. O nosso eu ilusório 'sobrevive' à realidade que passa e então 'sofre, envelhece, adoece e morre'! Como não podemos aceitar tal destino, imediatamente saímos à caça de novas experiências, sensações e quereres que nos dêem a 'alegria de nascer de novo' e a vã esperança de permanecer! E o samsara continua... A roda gira.
Passamos a vida toda querendo ser, querendo existir verdadeiramente.
Verdadeiramente lutando contra a realidade.

sábado, 2 de maio de 2009

Vesak e Crise



A partir do dia 3 de Maio de 2009 haverá na Tailândia paralelmamente às comemoraçãoes do Vesak a conferência "A Abordagem Buddhista Para a Crise Global". Participarão do evento os brasileiros Dhammacarya Dhanapala, fundador e diretor do Centro de Estudos Buddhistas Nalanda e Upasika Mudita, coordenadora do Grupo de Estudos Budhistas Nalanda de Curitiba.

Um dos subtemas da conferência será a abordagem buddhista quanto à crise econômica.

Tentando pensar a vida sob o ponto de vista do buddhadhamma, eu sempre achei curiosa a tendência econômica prevalecente atualmente de não-intervencionismo. Propaga-se o consenso de que o mercado é alto-regulado por leis que conduzem infalivelmente à prosperidade e ao bem estar da humanidade. Sempre ouvi isso como se dissesssem que deixando-nos dominar pela ganância, avareza e desejo de consumo desenfreado isso fosse nos trazer algo de bom! Claramente um absurdo, para mim!

Agora, com a crise detonada justamente por estes fatores, clama-se pela intervenção do estado guardião do bem-estar social! Vejam os EUA, o grande pai da doutrina da não-intervenção, alçando o pobre Barack a messias! Não é um atestado do absurdo que é a existência!

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Um Problema de Todo Mundo


O buddhismo ensina que 'por trás' de nossas experiências/ações não há uma 'entidade' tal como alma ou ego. Algo que seja o 'observador/experimentador' daquilo que nos ocorre e separável das experiências em si. É a doutrina de anatta: o não-eu.
De acordo com esta doutrina quando, por exemplo, caminhamos, e pensamos que 'eu estou caminhando', este 'eu' que caminha é a ilusão, a criação da mente, pois não há nada no ato de caminhar além do caminhar. Não há o ego que seja levado pelo corpo/mente que caminha. Cada passo, cada movimento, cada impressão/sensação é um fenômeno que surge e cessa em dependência de condições/causas.
Mas nós não sentimos assim.
Há o andante, o caminhante que perdura a cada passo. Se deixarmos o exemplo do caminhar, há o fazedor/experimentador de toda e qualquer coisa. O ego criado pela mente 'passa' de um fenômeno para outro sempre e sempre. Segundo o Buddha, este é o problema de todo mundo.

Speech by ReadSpeaker