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Buscando...?

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

que seja feliz quem souber o que é o bem

me perdoem a redundância, mas então é natal, a festa cristã... e o ano termina e nasce outra vez... 
fica todo mundo meio simonezado...
quem passa por aqui e lê um texto ou outro pode ter a impressão de que eu sou um ateu intolerante, militante e até irritante, ou mesmo ignorante.
me esforço para o oposto disso. 
ateu eu sou sem esforço.
não tenho coisa alguma contra crença qualquer, eu tenho as minhas próprias, inclusive. o que ocorre é que sei que são crenças.
não me oponho a qualquer deus, assim como não a papai noel ou outro ser do tipo.
é fato que o velho barbudo pode ser usado como a mais covarde arma do capitalismo selvagem consumista, cruel e irresponsável (estou falando de papai noel). mas também é um belo símbolo e estímulo de bondade, generosidade, fraternidade e por aí... ou seja, conceitos, ideias, imagens é tudo neutro, como se manifesta na prática das vidas é o que importa.
daí que eu, vira e mexe, escrevo alguma coisa sobre meu desgosto com professor buddhista falar de deus. 
a mim, enquanto buddhista, pouco me importa no que o outro crê, me interessa é em como esta crença se manifesta. sendo assim, não vejo qualquer necessidade em ficar elucubrando harmonias, suando para achar pontos comuns em crenças várias, porque o diálogo é bem mais simples e funcional que isso, é um mero sejamos bons. todo mundo sabe o que é ser bom, solidário, fraterno, ético. uma coisa que o buddhismo vai ensinando quanto mais a gente se aprofunda é que a vida é, até decepcionantemente, simples e a sabedoria é algo assustadoramente acessível. nós é que sofisticamos as coisas graças a nossa estupidez.
quer complicar a vida? tudo bem! mas que seja para a sua diversão intelectual, emocional ou outra. ou seja, faça como eu! na prática, seja simples. esqueça as iluminuras do espírito, as consciências divinas, o além do além e, acima de tudo, não queira convencer os outros de suas luzes. guarde para você sua transcendência e me dê um abraço.
pois o ano termina e nasce outra vez.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

feriado

há medo em descobrir que não podemos parar

porque normalmente dizemos ah, agora vou parar, vou fazer nada

mas é mentira

não vai parar

só se não prestarmos atenção, só se nos contentamos com palavras, só se acreditamos no que parece

se não for assim vemos que continua a respiração

que o coração bate

que os sentidos puxam de um lado para outro

que o turbilhão mental gira

que dores surgem

que nada para

só nos iludimos enquanto continuamos a morrer na mesma velocidade de sempre

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

marvelous

na marvel comics vivem homem-aranha, homem de ferro, thor, hulk, quarteto fantástico, x-men... não batman, superman e mulher-maravilha, que são de outra editora, a dc comics. 
em ambas frequentemente o universo é salvo da destruição completa. 
nestas realidades a humanidade convive com incontáveis outras raças inteligentes de outros mundos e mesmo de outros universos e dimensões, quase sempre superiores em algum ou vários aspectos, mas quem salva tudo sempre somos os nós de lá. um dos principais autores da marvel atualmente, vi dizer em algum lugar pela rede, que pretende explorar esta questão do porquê, afinal, de uma bolinha na periferia da galáxia habitada por um tipo tão primitivo vem os salvadores de tudo. sempre.
este assunto me veio à cabeça após ler uma menção, no meu ver provocativa, feita a deus por ajahn buddhadasa, num trecho do que parece ser um próximo lançamento da edições nalanda. lá o mestre diz o que poderia despertar o interesse de um buddhista pelo reino de deus.
mestres buddhistas falando de deus é coisa de que nunca gosto. mas entendo a necessidade do esforço diplomático que todo líder precisa empreender. 
não me parece ser o caso no trecho que li, mais uma provocação bem humorada mesmo.
mas vira-e-mexe acontece de eu achar pela rede professores entrando por esse diálogo e se arriscando ao resvalo no transcendentalismo ou no substancialismo ou outro ismo que não o pragmatismo e experiencialismo radicais do Buddha.
o Buddha, e todos os que o seguem até hoje que são do meu interesse, são peremptórios em afirmar que a condição mor para a desgraça do mundo é a ilusão do eu. todos os professores desde as fontes mais antigas são taxativos e criteriosos em negar o eu e reapresentar os argumentos do Buddha com relação à necessidade de desfazer tal ilusão.
mas quando o assunto é deus eu vejo o surgimento de uma síndrome do veja bem, como se deus não fosse, do ponto de vista buddhista, e principalmente o deus dominante que é o judaico-cristão, a mais perniciosa versão do ego. pois que foi reificado como único, como verdadeiro e fonte de tudo. foi dos deuses que inventaram para nós o que assumiu as rédeas da cultura ocidental, influenciando inclusive a ciência (sobre isso vide o livro 'criação imperfeita' do físico marcelo gleiser) além de chegar a infectar o oriente. domina e infecta justamente por ser a derivação suprema da ilusão fundamental sem a qual não haveria dukkha.
e fruto da nossa instintiva busca por importância no cosmo.
os argumentos podem ser vários, mas no fim das contas o que queremos mesmo é ser especiais, divinos em qualquer medida. tanto que corrompemos mesmo as sábias instruções do Buddha.
quando o Buddha nos diz, por exemplo, que o início e o fim do mundo (universo) cabe neste corpo de metro e pouco, é mais agradável igualarmos este corpo ao grandioso cosmo, apesar de evidente que é o cosmo, com todas as suas estrelinhas, planetas, galáxias definhando rumo à extinção, que precisa ser igualado a este medíocre corpo, ou não é? este fato em si do inefável rumo à dissolução, diz o Buddha em outro trecho das escrituras antigas, deveria ser suficiente para que brotasse em nós o mais sábio desconforto e desencanto. mas preferimos criar uma salvação divina, assim como criamos nos quadrinhos.
mas mesmo nas histórias em quadrinhos questionar o senso de valor e importância próprios é algo que ocorre vez ou outra.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

as voltas que o mundo dá

falei: "aproveite bem esse tempo sozinho. algumas das minhas melhores lembranças da infância são de momentos de solidão." no que de pronto, franco e veloz, como os pequenos são, ele replica: "puxa, sua infância foi horrível, hein!?"
pois é. não foi. ou talvez tenha sido...
quando a terra está perto de completar mais uma volta em torno do sol coisas assim acontecem e são percebidas, intensificando a inclinação à reflexão. mais de quarenta voltas, agora. e aí?
outra boa que me remeteu àqueles infantes mas não menos atormentados tempos foi ao ler no livro passo a passo, publicado pela edições nalanda via amazon, o mestre maha ghosananda falar de um método de meditação em que se mantem a atenção focada por longos períodos apenas no movimento da mão a subir e descer. eu ficava, na minha pequenina concha, por tempo abrindo e fechando a mão intrigado com o que afinal, misteriosamente, fazia aquela mão se mexer.
tempos que não voltam mais. 
mas só tempo que continua como sempre. 
não tenho qualquer saudade do passado, seja ele qual for. nunca penso em reviver nada ou em como era bom. porque nunca me parece ter sido tanto assim. tenho uma espinhosa consciência das imperfeições na jornada que continua. "eu era feliz e não sabia" é uma frase que ainda não disse. cuido para que nem mais adiante. 
meu gosto pelo dhamma do Buddha certamente vem disso, desse tom mais para "nunca fui feliz e sempre soube". 
certa vez num grupo de estudo buddhista eu fiz uma brincadeira com a minha visão de como teria sido a infância do menino que viria a ser o Buddha. uma criança esquisita como eu gostaria que tivesse sido. isso certamente para eu crer que tenho alguma chance, apesar de tudo. para que todas essas voltas que o mundo tem dado comigo sem o meu consentimento sirvam para algo além do que tem sido. 
mais de quarenta. e aí?
o mesmo. 
agora autorizado por um grande mestre, sento e foco no movimento de subir e descer da mão sabendo que não há nada de estranho nisso.


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

tapa de amor

um problema meu com o amor é que ele agrada a todo mundo.
fale de amor e terá platéia garantida e palmas. no final as mesmas rodinhas de conversa fiada banhadas na água morna do amor.
um outro problema meu com o amor é a supervalorização. 
no buddhismo não vejo isso. no buddhismo o amor é uma ferramenta, um instrumento. com amor no coração levamos a vida de uma forma mais adequada a desenvolver o que realmente importa: o conhecimento da realidade e a consequente libertação dela. só isso. 
não tenho a intenção de construir um reino de amor e paz na terra, só quero o suficiente para que eu possa, e que para que todos os outros possam, chegar na cura para a vida, se um reino de paz surgir disso, melhor para quem quiser ficar por aqui.

recentemente comprei o livro passo a passo, relançado em ebook pela edições nalanda via amazon.

na época em que foi lançado impresso eu deixei passar por conta da imagem que criei do autor, Maha Ghosananda. me pareceu muito bonzinho, muito cheinho de amor e tal. ignorei. mas com o lançamento do livro digital, a facilidade e o preço camarada me convenceram a arriscar. e não me arrependi. excelente livro e mais um tapa (com amor) na minha cara de idiota. 
o amor nascido da sabedoria é outra coisa, com o qual não tenho problema algum. é um amor que brota do mergulho corajoso no mais profundo desespero e desencantamento com o mundo, do confronto com os horrores mais atrozes cometidos por seres humanos no ápice de sua estupidez e ignorância. um amor que surge do reconhecimento direto de nossa plena igualdade na mais desoladora miséria existencial. um amor que surge de uma poderosa desistência. um tipo paradoxal de desistência que mantém a retidão, a convicção, a diligência num trabalho em que o amor é ferramenta fundamental.

alguns dos meus trechos preferidos do livro:

"O que é a vida? A vida é comer e beber através de todos os nossos sentidos. E a vida é se preservar de ser comido. O que nos come? o Tempo! O que é o tempo? o tempo é viver no passado ou viver no futuro, alimentando-se de emoções. Os seres que podem dizer de si mesmos que são mentalmente sadios por apenas um minuto são raros no mundo. A maioria de nós sofre de apegar-se aos sentimentos prazerosos, não prazerosos, sentimentos neutros e sentimentos de fome e de sede. A maioria dos seres vivos tem que comer e beber através dos olhos, ouvidos, língua, pele e nervos. Nós comemos vinte e quatro horas por dia sem parar! Ansiamos por comida para o corpo, comida para os sentimentos, comida para as ações da vontade e comida para o renascimento. Somos o que comemos. Somos o mundo e comemos o mundo."

"O Buddha chorou quando viu este ciclo sem fim do sofrimento."

"Todos os tipos de sensações são sofrimento, cheias de superficialidade, cheias de 'eu sou'. Se pudermos penetrar na natureza das sensações, poderemos compreender a felicidade pura do nirvana."

"O Buddha nos diz que a iluminação começa quando compreendemos que a vida é sofrimento.
Isso pode parecer negativo ou pessimista para muitas pessoas, mas não é. É somente uma afirmação sobre nossa circunstância compartilhada, algo para ser visto sem lamento ou apego."


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

the book is on the table. and i will translate it.

um amigo de dhamma me disse que poderia ser útil para alguns falar um pouco do meu hobby de tradutor de textos buddhistas. all right.
para todo aquele que deseja traduzir, me parece óbvio que a leitura é fundamental. seja do idioma a ser traduzido, seja do para o qual vai traduzir. quando cheguei ao theravada já estava praticando e estudando buddhismo e meditação no que havia disponível próximo de mim: um centro mahayana, buddhismo tibetano. mas minha natureza de buscador me impulsionava a cavucar as raízes daquilo. a cada menção que lia a respeito de hinayana e, menos vezes, de theravada, atiçava meus interesses, eu levantava as orelhas e abanava o rabinho.
aí me surgiu a internet. me embrenhei na mata e vi que a maior parte do material que havia sobre o theravada está em inglês. há um pouco em espanhol também. o que fazer? eu tinha estudado inglês havia um tempo, mas o impulso veio quando, tendo feito contato com o professor ricardo sasaki, do centro de estudos buddhistas nalanda, ele me perguntou se não gostaria de traduzir um pequeno texto para publicar na rede. topei. havia um programa tradutor no pc, então vamos ver no que dá.
os primeiros resultados foram fraquinhos, mas tive mais facilidade do que esperava. entregando o primeiro pedi mais um e depois outro e outro e não parei mais.
vou ficando menos ruim com o tempo e hoje leio muito mais em inglês do que em português. claro, com a ajuda da tecnologia atual. então, passando efetivamente para o que realmente pode ajudar, vou compartilhar as minhas ferramentas e modo de trabalho.
leio principalmente num tablet android com os seguintes apps: https://play.google.com/store/apps/details?id=tool.ebook.pdf.reader https://play.google.com/store/apps/details?id=org.pdf.and.djvu.reader  https://play.google.com/store/apps/details?id=org.ebookdroid
estes apps me permitem muitos recursos tais como marcar trechos, comentar, fazer anotações...
e o melhor dicionário gratuito que encontrei me ajuda com palavras e expressões que meu ínglich não alcança: https://play.google.com/store/apps/details?id=com.akdevelopment.dict.enportug2.free
quando um texto me é enviado para tradução, ou eu escolho um para traduzir, eu uso o https://support.google.com/translate/toolkit/answer/147809?hl=pt-BR uma paltaforma de tradução disponível para todos que tenham conta no google. acho excelente, é cheia de recursos dos quais não utilizo nem um terço. somo a ele um plug in do navegador firefox chamado im translator, muito bom também e com um bom dicionário.
para ajuda com o português eu uso http://aulete.uol.com.br/ tanto na versão on line quanto a instalada no pc fora outros incontáveis dicionários e tradutores on line que abundam na rede quando algum destes que citei não me convence.
então é isso.
se alguém deseja contribuir para a difusão do dhamma no brasil e ainda não sabia como, aí está minha humilde dica. de quebra ainda faz um improvement no english.
the book is in the tablet.

sábado, 19 de outubro de 2013

saṃsāra

que caos!
barulho
tumulto
stress

gente correndo
comigo e contra mim
vozes, gritos, cores, calor, frio
carros, obrigações, gente, gente, gente

CHEGA!

e se eu meditasse?

sento
concentro
relaxo
chego
fico
paz

ah
a paz
deleite que é o centro
fico
a paz
aqui
relaxo
a paz

ah
a paz
legal
a paz
fico

ah
a paz
ah

a paz

mas...
não

ah
a paz
ah
 a paz

...

rapaz...
e se eu ligasse a tv?


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

arredondadores da roda

recebi link para uma matéria e uma entrevista com um novo sábio. quem me enviou queria saber se eu conhecia. fui lá. e concluí que o novo sábio é mais um daqueles que eu costumo chamar de arrendondadores da roda. porque nada vejo surgir de novo das palavras que ajuntam. o arredondador em questão, pelo que li sobre, escreveu já mais de mil páginas conectando vários ramos do saber humano rumo a uma holística integração de tudo. e do resumo das suas ideias nada me iludiu.
as obras dos arrendondadores me causam a sensação de legos. você passa um tempo montando e resulta um carrinho, uma nave ou outra coisa já sabida de antemão e, por si mesma, sem graça e precária. o prazer esteve em encaixar as peças. o valor do resultado final depende é da imaginação. 
é assim com os arrendondadores: o prazer está em montar o palavrório e levitar nos loopings filosóficos. e só. o resultado final é algo já sabido. mas queremos que seja novo.
os arrendondadores tem admiradores. 
nossa tendência, conforme explana o bhante katukurunde ñāṇananda e como já publiquei por aqui recentemente citando o erudito david kalupahana, é nos encantar pelo complexo e nos cegar para o simples. por mais, e quanto mais, evidente seja, mais buscamos pelo oposto. considerando isso, vislumbramos amplitude e profundidade até então talvez não aparentes na afirmação do Buddha de que seu ensino ia contra a corrente do mundo. uma afirmação simples e clara como sempre.
atualmente penso eu que, para nós, macacos pelados, a compreensão de anicca, dukkha e anatta (impermanência, sofrimento e não-eu) é o que basta para uma vida, seja como tarefa, seja como solução. nada mais eu vejo como necessário. mas a contemplação destas três características implica em confrontar, além daquela paixão pelo complicado, uma outra que nos alimenta essa antipatia pelo simples: a de querermos ser divinos. a mesma inteligência que nos faz símios capazes de saber a evidente miséria, vanidade e instabilidade do existir, nos torce o olhar para o alto, para a criação das mais variadas opções de redenção e divindade e fuga do óbvio. 
enquanto sob os pés o chão continua a ruir, os corpos a contrariar, as mentes a criar do nada coisas cujo único propósito é continuar surgindo e perecendo.

domingo, 22 de setembro de 2013

i want to believe

já vi algumas argumentações em favor da veracidade do renascimento, de gente que eu admiro e respeito. 
se eu não acreditasse, nenhuma teria me convencido.
agora, com a novela, a necessidade de esclarecer as diferenças entre renascimento e reencarnação movimenta parte do mundo buddhista. muito pertinente este trabalho para nós, crentes. para quem não é, equivale a discutir diferentes espécies de unicórnio (para valer o símile combinemos que unicórnios não existam).
vários de nós, que gostamos de pensar, de questionar, de saber, de filosofar e que muito por conta disso rejeitamos a religião que herdamos, encontramos no buddhismo refúgio para o vazio que o pensamento materialista científico deixa no nosso peito. o buddhismo é empirista, é pragmático, é pé no chão e estas características nos alegram, nos encantam, nos confortam. uma religião plena de bom-senso e repleta de insights muito próximos daqueles que a ciência ocidental vem obtendo em sua história, tanto nas visões do mundo físico quanto do psicológico. surgem, frequentemente, novos resultados positivos da meditação, em especial os modos buddhistas de meditação, sobre a mente, o corpo e a estrutura cerebral, por exemplo.
isso pode deixar a nós, buddhistas, um pouco carregados de uma certa empáfia diante dos outros religiosos. pode ser que passemos a nos achar mais alguma coisa, alguma coisa acima do populacho crente.
mas não.
se somos buddhistas, e não Buddhas ou outra coisa mais próxima de um Buddha que de um ser comum, e se somos fiéis ao ensinamento, somos tão crentes quanto qualquer outro. cremos, por exemplo, pois não sabemos, no renascimento e na lei do kamma e, ainda que conforme expostos no buddhismo sejam mais palatáveis, são uma mera crença para nós. fora todos os casos descritos nos suttas e sutras tais como voos, teleportes, encontros com seres fantásticos... coisas que podem ser explicadas pelo recurso do simbolismo, da metáfora ou mitologia mas que estão lá como estão. claro que opções existem, stephen batchelor que nos diz, mas isso é lá com ele.
e apesar de todo nosso racionalismo escolhemos seguir caminho. por quê?
eu, porque preciso.
o mundo, tal como se me apresenta, não vale a pena. simples assim. eu não conseguiria durar muito mais se não houvesse a esperança (pois é...) de uma solução para isso tudo que está aí. esperança que o Buddha me dá. e que outros encontram em outros.
dentro dos meus limites eu posso afirmar que fé, no sentido comumente compreendido, não é o meu forte. dentro dos meus limites eu comprovo muito da prática do que o Buddha ensina para dar-lhe um voto de confiança e crer naquilo que (ainda?) não posso ver.
isso hoje eu tenho bem resolvido, mas já flertei com a turma do espiritualismo quântico. o livro que me trouxe ao buddhismo foi o tao da física... todavia, graças a mergulhar, o mais fundo que sou capaz, a cabeça no Buddhadhamma, deixei de lado esta ambição de unificar a ciência e a minha religião. não vejo problema algum em me identificar como religioso, como crente, pois é o que sou.
só ao Despertar deixarei de sê-lo.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

joias raras

 
o fio que perpassa os ensaios que compõem esta antologia é o do pragmatismo. o buddhismo aqui apresentado não o é pelas cores, cânticos, transes místicos ou revelações extáticas. aqui o buddhismo é assentado no corpo e mente do leitor. é o buddhismo conforme consta nas suas fundações, como originado da busca do jovem príncipe que abdicou de uma vida inventada e amarrada a inevitável angústia para descobrir se haveria uma vida real e se esta valeria a pena ser vivida. é isto a que o leitor é levado a refletir quando contempla estas jóias raras.


http://www.amazon.com.br/Joias-Raras-ensinamento-buddhista-ebook/dp/B00F8KAYBM/ref=sr_1_2?s=digital-text&ie=UTF8&qid=1379414519&sr=1-2&keywords=jóias+raras

sábado, 14 de setembro de 2013

filosofia buddhista sem mistério

Abaixo a minha tradução para a conclusão do quarto capítulo (pág. 59) de "History of Buddhist Philosophie - Continuities and Descontinuities" de Davi J. Kalupahana.
Decidi publicar aqui, primeiramente porque é um daqueles trechos cujo fascínio me surge pelo poder que tem de dizer tanto com tamanha concisão. Merece ser lido e relido e servirá como guia para aprofundamento no Buddhadhamma naquilo que é fundamental.
Em segundo lugar pela satisfação que me causou ao perceber que, dentro dos meus limites, tenho escrito aqui sobre algumas ideias presentes neste trecho e naquele livro.

O princípio do surgimento dependente é concebido como uma alternativa à noção Brahmanica de um eu eterno (ātman) bem como ao conceito de natureza (svabhāva) apresentado por algumas escolas heterodoxas (contemporâneas do buddhismo e oposicionistas ao brahmanismo). Como uma alternativa, não só evita o mistério mas também explica os fenômenos como em um estado de surgimento e cessação contínuos. O Buddha realizou que, embora tal princípio seja verificável (ehipassika), não é facilmente percebido (duddasa) pelos seres humanos ordinários, que são absortos pela e deleitados na adesão (ālaya) tanto à coisas quanto às visões. Tais inclinações podem cegá-los em tamanha extensão que eles ignoram até os fatos mais evidentes. Assim a dificuldade em perceber e compreender a dependência é devida não a qualquer mistério quanto ao princípio em si, mas sim ao amor das pessoas pelo mistério. A busca pelo mistério, pelo algo oculto (kiñci), é considerada como causa fundamental de ansiedade e frustração (dukkha). Por isso diz-se que aquele que não procura nenhum mistério (akiñcana) e que percebe as coisas “como elas vem a ser” (yathābbhūta), desfruta da paz mental, a qual eleva tanto intelectualmente quanto moralmente. Isto explica a classificação do surgimento dependente como pacífico (santa) e sublime (panīta).

The principle of dependent arising is intended as an alternative to the Brahmanical notion of an eternal self (ātman) as well as to the conception of nature (svabhāva) presented by some of the hetorodoxy schools. As an alternative, it not only avoids mystery but also explains phenomena as being in a state of constant arising and ceasing. The Buddha realized taht even though such a principle is verifiable (ehipassika), it is not easily perceived (duddasa) by ordinary human beings, who are engrossed and delighted in attachment (ālaya) to things as well as views. Such leanings can blind them to such an a extent that they ignore even the most evident facts. Thus the difficulty in perceiving and understanding dependence is due to not any mystery regarding the principle itself but to people´s love of mystery. The search for mystery, the hidden something (kiñci), is looked upon as major cause of anxiety and frustration (dukkha). Therefore the one who does not look for any mystery (akiñcana), and who perceives things “as they have come to be” (yathābbhūta), is said to enjoy peace of mind that elevates him intellectually as well as morally. This expçain the caracterization of dependent arising as peaceful (santa) and lofty (panīta).

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Imasmiṃ sati idaṃ hoti, imassuppādā idam uppajjati, imasmiṃ asati idaṃ na hoti, imassa nirodhā idaṃ nirujjhati.

nada sei é um extremo.
onisciência é outro.

mas há um justo. um possível. que requer esforço:

isto sendo, este vem a ser
com o surgimento disto, este surge
isto não sendo, este não vem a ser
com a cessação disto, este cessa *

*Bahudhatuka Sutta


terça-feira, 3 de setembro de 2013

algum tempo de jóia rara no ar...

- vocês acreditam em reencarnação?
- não!
- não?!
- não.
- mas na novela...
- esquece a novela...
- mas disse que podemos reencarnar como animais...
- já somos.
- mas o que acontece depois da morte, então?
- enterra, crema ou faz ração. de preferência antes de começar o mal cheiro...
- animal!
 
 para uma abordagem séria:
http://rarajoia.blogspot.com.br/

sábado, 31 de agosto de 2013

reinos

conversava outro dia com um colega evangélico. ele me chegou com uma dica de vídeo de um pastor de quem gosta e a conversa foi até onde eu passei a tocar num assunto que me incomoda: o silêncio, ao menos aparente para mim, da sincera, correta e séria comunidade evangélica e seus líderes com respeito àquilo que tem contribuído para um conceito se avultar no imaginário de uma parcela da população, a saber, numa forma educada: os evangélicos, quando não são ingênuos, são desonestos. 
a mesma provocação eu fazia vez em quando a um senhor que comigo trabalhou e é pastor, fundador de uma denominação, inclusive. um senhor honesto, trabalhador, cumpridor. apesar de aposentado, sempre cioso da necessidade de conciliar seus compromissos religiosos com os do trabalho. e ele travava quando eu tocava no assunto dos casos notórios de enriquecimento absurdo de líderes evangélicos, por exemplo. era perceptível o incômodo mas ele tergiversava e dizia que cada um conduz a obra ao seu estilo... eu lamentava. e elucubrava a respeito da raiz da dificuldade.
e o meu interlocutor de então também patinava no mesmo ponto. hesitava em fazer críticas ou reconhecer mesmo o óbvio ululante. e eu insistia em que há a necessidade de uma resposta ativa a fatos evidentemente absurdos do seu mundo religioso.
coincidentemente, na manhã seguinte, em minha caminhada pelas veredas virtuais me deparo com isso: 
 que me explica um pouco mais do complexo e grave imbróglio em que vejo estar o protestantismo. 
este pastor, na minha opinião uma das figuras mais lamentáveis do cenário religioso nacional, se as informações constantes no site supralinkado forem verdadeiras, continua em sua cruzada de aversão baseada em ofensas toscas, impropérios afetados e exploração, via teatral destempero emocional, dos que são vítimas de sua presença canastrona. este senhor, pelo que se lê, tenta me ofender enquanto ateu e consegue me entristecer enquanto religioso. enquanto ateu são claras as tentativas de ofensa e me incomodam até o ponto em que concluo que ser ofendido por ele é quase um elogio. me entristece enquanto religioso porque trabalha, estúpida e ferozmente, pela destruição da religião, de todas as religiões, pois que o seu discurso distorce o próprio sentido do que é religião, seu discurso agride o exato espírito da religião quando sua filosofia desvia a atenção de seus ouvintes e fiéis para o exterior, inventando um mundo inimigo. aquela luta religiosa que é essencialmente travada no interior do crente é ignorada e transferida para fora, o mal passa a ser o outro. e só o outro. e aí entendo porque nesta visão de mundo as recompensas que buscam só podem ser da mesma ordem. é a superficialidade de pensamento que me parece característica do fanatismo. o fanático sendo incapaz de encontrar no seu interior aquilo que busca, precisa ser no mundo o que não encontra e o faz pela força da sua própria frustração. o fanático é vítima da inépcia introspectiva e torna-se o tirano quando alimenta e explora esta mesma incapacidade no outro. é o poder da teologia da prosperidade material.
é da natureza da matéria não satisfazer ao espírito. o reino do espírito não é deste modo. este é um reino fundado na carência e constituído de mentira, um reino frágil. uma fragilidade que precisa ser reconhecida mas que, até agora, me parece, estranhamente, ser só temida.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

don't worry, be happy

 ...àquelas pessoas que se preocupam com o fato de o Buddha ter equalizado vida a sofrimento é possível argumentar o seguinte: é dito que, se nos mantivermos diligentes no caminho, quando despertarmos, quando chegarmos a ser verdadeiramente despertos, a vida se tornará incomparavelmente mais suportável e, somado a isso, conheceremos a insuperável alegria de saber, com plena certeza, que nunca mais vieveremos de novo...

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

abismar-se

o presente é um abismo
focar o agora é encarar um abismo
no futuro flutua-se
no passado pousa-se
no presente é só um abismar-se

e nada

domingo, 28 de julho de 2013

Concluindo...

A tradução "sofrimento" para a palavra dukkha certamente carece de explicação, e quanto melhor a explicação menos carecerá de substituição.
O buddhismo desde sua origem, e talvez mais claramente em sua origem, é uma doutrina que proclama o fim do mundo, o fim do mundo concebido. A primeira nobre verdade é a ignição do processo, é o choque inicial sem o qual o motor do dhamma não gira. Toda tentativa de evitar a palavra "sofrimento" me parece uma tentativa de girar o motor sem ignição. O questionamento a se fazer, ou a se fomentar, não é SE o Buddha usou a palavra "sofrimento"  mas POR QUE o Buddha usou a palavra "sofrimento". Esta me parece ser a forma adequada de fazer bom uso da energia inicial, do choque. Começar tentando amenizar, adoçar, só leva a convergir um caminho proposto para divergir, a manter o mundo que precisa ser decomposto.

terça-feira, 23 de julho de 2013

sofrimento é melhor

a palavra pali dukkha, usada pelo Buddha para designar uma das três marcas da existência juntamente com anicca e anatta, é mais comumente traduzida como sofrimento, implicando em que o Buddha afirma que uma marca da vida é o sofrimento. isto soa amargo, negativo, pessimista e entristecedor. e este é o principal motivo para a busca de outras traduções, não é tanto porque sofrimento esteja errado, é sim porque sofrimento não pode estar certo simplesmente porque não queremos que esteja.
se buscamos a etimologia da palavra vemos que du significa difícil e kha suportar. e o que é algo difícil de suportar? sofrimento. suportar no sentido de aguentar, resistir, sofrer. boa tradução para dukkha, portanto.
e um outro sentido de suportar é dar suporte, manter, sustentar. e o que é difícil de suportar neste sentido? felicidade/prazer. há uma estrofe, se não me engano, do erudito da vertente mahayana, aryadeva, que diz mais ou menos assim: "a felicidade decresce pelo acréscimo de sua causa; o sofrimento cresce". coisa que todos sabemos, embora prefiramos não saber. então parece que fica claro, sem fazer muito esforço, que sofrimento é uma boa, se não a melhor, tradução possível para dukkha pois se não conseguimos manter a felicidade nós so... so... isso! sofremos! pode não ser agradável dizer a alguém que chega ao buddhismo via livros de auto ajuda que uma das características definidoras da existência segundo o buddhismo é o sofrimento, mas isso não significa que temos que ficar fazendo piruetas etimológicas e raciocínios infantis para adoçar o que o Buddha disse, nem mesmo sob o argumento de que é um 'meio hábil', penso eu. porque a dependência de açúcar é coisa grave e difícil de superar. depois que adoçarmos o leite nunca mais o neném aceita sem.
existe uma outra coisa que dizem ser difícil de suportar mas que não percebemos por falta de dar a devida e correta atenção. 
mas essa fica para uma outra vez, talvez...

sábado, 6 de julho de 2013

dukkhinha quer ir pro espaço

numa animada conversa familiar sobre política, mídia e outras mazelas humanas, dukkhinha, se feliz ou infelizmente é algo a se pensar, com seu jeito de coruja observava tudo de um canto.
na volta pra casa, diz: acho que é por isso que quero ser astronauta, pra escapar desse mundo...

cacetada!
e agora? pensa o pai...
pensa o pai...

e diz:
carinha, não é bem assim. posso dizer uma coisa? olha, eu acredito que não é desta forma que se escapa do mundo, assim não dá certo. isso tudo de que nós estávamos falando lá, é de nós mesmos, não é que eles sejam o mal e nós o bem, somos todos humanidade, para onde nós formos vamos carregar isso com a gente. a forma de escapar é pela compreensão. a gente tem que mergulhar a compreensão neste mundo e ver através dele...

hmmm...

e a gente vê através do mundo quando se esforça em olhar pra dentro da gente. aí a gente começa a ver que muito do que parecia estar lá fora, na verdade sempre esteve aqui dentro... esta semelhança que vai surgindo é como ver através, e isso, eu acredito, é começar a escapar de verdade, sem precisar fugir daqui...

hmmm... acho que entendi o que você tá dizendo...

...

vamos comprar uma pizza pra comer com a mãe?
vamos!
beleza.






quarta-feira, 3 de julho de 2013

oh, vida...

eu não sabia, mas a questão sobre otimismo ou pessimismo já estava resolvida no majjhima nikāya e, felizmente, a declaração do Buddha não me surpreendeu.
está lá no dīghanakhasutta, onde o Buddha discorre sobre opiniões e pontos de vista e sobre a funcionalidade deles...

na tradução do acesso ao insight, quarto parágrafo: "dentre estes, o entendimento daqueles contemplativos e brâmanes, cuja doutrina e entendimento é ‘tudo é admissível para mim,’ está próximo da cobiça, próximo do cativeiro, próximo do deleite, próximo da agarração, próximo do apego. o entendimento daqueles contemplativos e brâmanes, cuja doutrina e entendimento é ‘nada é admissível para mim,’ está próximo da não-cobiça, próximo do não-cativeiro, próximo do não-deleite, próximo da não-agarração, próximo do não-apego". esta tradução parece estar baseada na inglesa do bikkhu bodhi que usa a palavra 'acceptable' para a qual o tradutor para o português preferiu 'admissível'. outras possibilidades são: 'satisfatório', 'apropriado', 'aceitável'. já na tradução do thanissaro bhikkhu para o mesmo sutta, que consta no access to insight, a palavra preferida foi 'pleasing', que em português tem as traduções 'satisfatório', 'bom', 'atraente', 'atrativo', 'agradável', 'encantador'.

o Buddha claramente diz, então, que ambos, otimismo e pessimismo são opiniões e, como tal, devem ser consideradas. porém, o otimismo, conforme expresso no sutta, está mais para o samsāra, enquanto que o pessimismo, conforme expresso no sutta, está mais para o nibbāna...

é isso mesmo ou alguém quer opinar...?

segunda-feira, 1 de julho de 2013

esses humanos

minha mãe é uma cristã fervorosa e nossos bate-papos vez ou outra giram em torno de religião. ficamos sempre por ali, nas semelhanças que conseguimos enxergar nos nossos caminhos. foi na minha última visita que ela fez uma citação dos evangelhos que muito me agradou. parece que ela sabe o que me agrada. disse ela que jesus certa vez desabafou: "até quando vos suportarei?!" se dirigindo a alguém que pedia mais um milagre. eu não tenho bíblia, mas fiz uma pesquisa e me pareceu um trecho muito interessante que vale ler e refletir. mais uma que passo a gostar além daquela clássica em que ele desce o sarrafo nos vendilhões e algumas dos apócrifos.
acho muito salutares estas passagens mais humanas dos mestres. são antídotos importantes contra a nossa tendência à divinização, além de motivadores à reflexão no nosso real campo de trabalho: a vida nossa de cada dia. nos ajuda a ir removendo a casca de mediocridade que a encobre.
e é divertido, tanto quanto pedagógico, visualisar os mestres olhando o balde a meditar: o balde é vazio... o chute é vazio... a vontade é vazia...
um momento desses, em que, segundo o +Bhante Katukurunde Ñanananda, o Buddha confidencia certo desânimo ao venerável Sāriputta, eu traduzi aqui. há também a conhecida passagem em que Ele hesita, logo após o Despertar, se ensina ou não o Dhamma que realizou. aliás, a vida do Buddha é um relato tremendamente humano embora, prova de força de nossas tendências, Ele não tenha escapado do endeusamento através do tempo e espaço.
um indicativo de que insistimos em procurar a 'salvação' no lugar errado?
é neste corpo e mente com suas precariedades que está o início e o fim do mundo, o início e o fim do sofrimento. está lá, disponível como nunca antes para todos nós, nas palavras daquele mestre insuperável de humanos e deuses que morreu com problemas abdominais e diarreia para nunca mais renascer.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

tudo igual

quando a gente diz que é buddhista, a maior parte das vezes somos associados com um modo de ser que convencionou-se chamar de zen. somos então pessoas da paz, que apreciam chá e incenso, que meditam ou alguma outra coisa meio yoga, que repetem mantras, auuuummmmm e por aí.
eu não sou zen, não gosto de chá nem de incenso, meditação formal é uma parcela da minha prática, sem mantras e sempre me esforço pela paz, em muitos sentidos.
dito isso, falemos sobre a capa ao lado. 
se for  para ver algo de bom nessa capa, e eu como buddhista aprendo que tudo tem um lado bom, eu vejo que é mostrar que somos todos iguais. 
os não buddhistas, os curiosos e os não amistosos vão questionar, atacar e, talvez até, querer entender o assunto. os buddhistas que gostam de se apresentar assim como quem exibe uma etiqueta significando "eu sou gente boa" vão sentir a fantasia meio amarrotada. 
não conheço mianmar além do Dhamma do Buddha que vem de lá, e mesmo disso conheço pouco, mas sei que é um dos países onde o Buddhamdhamma tem raízes profundas e floresce na sabedoria de vários grandes mestres assim como na cultura do país, em monumentos e templos belíssimos, inclusive. pois apesar disso, absurdos estão ocorrendo. realmente não sei se há monges incitando violência, mas que está havendo violência em "nome do dhamma", entre aspas, negrito, itálico e sublinhado porque é impossível violência em nome do Dhamma, isso está. 
violência é sempre em nome do ódio, da ignorância e outras qualidades humanas. e em mianmar, o que há são seres humanos, antes de buddhistas, como aqui, como no tibete ou na china. seres humanos que precisam ter em mente que buddhismo, ou qualquer religião, não é roupa nova, etiqueta ou atestado de bons antecedentes, é labuta momento a momento contra a corrente do mundo, que é muito mais forte do lado de dentro de nós. quando o nome 'buddhismo' começa a ter muita importância na vida, a ponto de a gente esquecer de estar vigilante mesmo ao atender aos chamados da natureza, a saber, defecar e urinar, conforme ensinou o Buddha, surge o perigo de distorções como estas e outras mais menos manchetáveis mas tão tristes quanto. conforme ensinou o Buddha.
então, perdeu, playboy. a casa caiu. tá na capa da time a frase: 'a face do terror buddhista'. somos todos iguais. e a despeito do sensacionalismo natural, da provável imprecisão das informações e algo mais que nosso 'ódio à mídia' puder imputar, o fato é que pisaram na bola por lá, pois onde há fumaça, ao menos uma brasinha tem. e como o Buddha ensinou: pisou na bola, cai. 

terça-feira, 25 de junho de 2013

confiante

a mídia, a mídia... o que é a mídia, afinal?
a mídia é algo em que não se pode confiar. qual a novidade nisso? nenhuma, digo eu.
vivemos num mundo dominado pelo mercado, pelo dinheiro, pela venda. a mídia vende informação; a demanda do mundo não é por verdade, é por informação. filosófico isso? nem tanto, pensemos por um momento se queremos saber a verdade sobre nós mesmos... 
mas, então, num mundo dominado pelo dinheiro, em quem podemos confiar?
tempo atrás meu filho foi a um bom médico, de horário difícil, agenda cheia e tal. meu filho estava com uma cicatriz esbranquiçada de um machucadinho sobre o qual o médico vaticinou que só iria desaparecer se ele usasse uma loção de trocentos reais feita numa farmácia que, para facilitar a nossa vida, deixava já no consultório uns papeizinhos, que beleza.
chegou em casa e eu disse: necas. vai comprar, não; vai usar nada; vai brincar no sol que isso some. chororô daqui e dali, mas eu bati o pé. tempo depois, cadê o sinal? sumiu.
e vejam, o médico é realmente bom. acerta muitas vezes. mas vive no mesmo mundo que eu, tem a mesmas necessidades que eu e, principalmente, as mesmas impurezas que eu. o que esperar? esperar por um horário para a próxima consulta, pois que é um bom médico.
a mídia virou uma desgraça absoluta no mundo, como se o mundo fosse outra coisa que não uma desgraça! 
as pessoas falam de não confiar, como se algum dia tivessem podido ou irão poder. 
o professor de dhamma ricardo sasaki, não lembro agora se num texto ou numa palestra, falou uma coisa muito simples e, por isso mesmo, fundamental, que me fez a diferença: é da sabedoria apreender as leis gerais. isso faz uma tremenda falta nestes momentos de crise. a lei geral aqui é: não confie, ponto. tudo é incerto, tudo é condicionado, tem sempre muito mais acontecendo por debaixo do pano, coisas que, se formos querer saber, vai nos levar a uma regressão infinita, ou no mínimo até o big-bang. isso não é derrotismo, embora pareça. é só minha opinião sobre como contribuir para um mundo menos ruim numa realidade em que só o menos ruim é possível, com menos expectativa e menos decepção. há muito por trás das ações nas ruas, das respostas dos governos e da abordagem da mídia. ouça todos eles, reflita sobre tudo, questione e, principalmente, não espere nada em que possa confiar. e faça tudo o que puder por um mundo menos ruim. dá para confiar em você?

   

sábado, 22 de junho de 2013

o povo tem câncer

o povo está nas ruas. 
esta entidade povo. 
é uma vítima, esta entidade povo. 

entidade pura, entidade dona de razão e plena de virtudes.

mas o povo é um composto. 


de partes que: molham a mão do guarda, furam fila, estacionam errado, avançam sinais, mentem, dão um jeitinho, vendem voto, pulam a catraca, levam vantagem, odeiam o vizinho, desperdiçam, poluem, não se importam.

mas de que o povo é vítima, mesmo? 
de um de câncer.

esta entidade povo é vítima de um câncer, acima de tudo.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

estamos fazendo bonito

coisa de um mês atrás eu dizia no café que acredito no poder da rede, no poder do conhecimento. dizia que acredito que mudanças ocorreriam, ainda que lentamente, movidas principalmente pelo acesso irrestrito à informação que a rede oferece. o assunto era os preços do brasil, de coisas como carros, por exemplo, custarem tão insanamente mais caro aqui. numa conversão simples, um carro pelo qual se paga setenta, oitenta mil reais aqui, lá nos eua pagariam o equivalente a quarenta ou trinta, me diziam. numa conversão mais elaborada, talvez vinte... o que vale para carro valendo para outros bens de consumo. aí eu disse que o fato mesmo de estarmos ali conversando e dividindo conhecimento era sinal de alguma lenta mudança ocorrendo. 
eu me creio exemplo. 
antes da rede, me contentava com o buddhismo que chegava a mim, eu com poucos recursos e morando em cidades pequenas, sempre um pouco descontente. com a rede eu fui ao dhamma que escolhi e nele mergulhei. minha qualidade de vida deu um salto como nunca antes na história deste país. embora a rede não substitua o valor de um contato pessoal com mestres, a quantidade de material disponível pode compensar na dependência decisiva do empenho do aluno.
assim, então, afirmava eu, contra alguma descrença geral, que acreditava, ao menos naquilo que diz respeito a consumo, que mudanças viriam: teríamos bens cada vez melhores e mais baratos, aos poucos deixaríamos de subsidiar, pela nossa estupidez, a bonança alheia.
mas eis que somos todos pegos de surpresa por esta maravilhosa onda de protestos pelo brasil afora! inteligentemente organizados num momento preciso e perfeito via rede! eu não estava sendo otimista, então! fui modesto. 
quem imaginou que a pátria fosse tirar as chuteiras e por os pés no chão, no nosso chão tão sujo? 
surpresa para mim e para todos, está acontecendo: a beleza exibida pelo talento inquestionável do menino neymar não será mais do que é: diversão, uma bobagem que queremos apreciar sim, mas do conforto de uma vida digna, sob o governo de gente decente. parece que estamos meio indiferentes a um placar de goleada somado a uma bela exibição em campo. para tristeza do pelé. parece que o rei ficou nu.
a qualidade de vida que o dhamma me proporciona se faz, entre muito mais, pela aniquilação impiedosa da minha ingenuidade. não esperar um mundo melhor mas reconhecer a necessidade funcional de um mundo menos ruim é a sabedoria que vou adquirindo. é claro que neste movimento todo há bandidos, há vontades escusas que vão se imiscuir. há interesses políticos sendo plantados e colhidos. vão querer transformar isso em dinheiro como sempre. a grande mídia, tomada de pânico por sairmos na rua para o mundo ver, (deu no nyt!) já, ainda que meio atabalhoada, tenta capitalizar a ameaça de descapitalização, os governos rapidamente cedem no que foi fácil na esperança de que se esqueça o difícil, a saber, que governem. haverá gente mais inteligente e tão cheia de dinheiro quanto o ronaldo pedindo para que nos concentremos em apoiar a nossa seleção, que pensemos na copa e nas olimpíadas, tentando nos convencer de que estádios e sinalizações em inglês são tão importantes quanto hospitais e escolas, tentando nos convencer de que somos um povo alegre e festivo, que o mundo quer de nós a nossa hospitalidade indígena, nosso gingado africano... mas parece que, num oferecimento de mustela putorius furus, vão furar,  parece que a nossa preguiça - goodbye, macunaíma... - nos enjoou, estamos levantando, não estamos mais engolindo, hein, zagalo?...

peraí... meu alarme anti-polyana berra a pergunta: será? não sei, vamos ver no que dá. mas, prá começar, acho que estamos fazendo bonito

terça-feira, 18 de junho de 2013

pra não dizer que não falei das flores

tenho a impressão de que mettā começa na aceitação, no tanto faz se é limonada ou limão, estar em paz. 
não correr, não ficar para tras. 
estar do jeito que está com as dores todas do corpo e desconfortos todos da mente, olhar em volta apaziguado por não haver coisa alguma diferente, pois tudo mudou, tudo sendo o que não é aparente, passando, sempre o oposto do que eu tinha em mente.
tenho a impressão de que mettā só é possível no presente.
isso tudo é muito óbvio, é uma chuva no molhado, podem dizer, mas dizer não quer dizer nada. ouvimos de amor o tempo todo, dá até ódio, mas mettā parece outra coisa que palavra alguma diz. 
parece ser o que vai sobrar quando deixarmos ir tudo que amamos.
começamos com mettā. 
quando acaba, mettā é o que sobra.
até o fim.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

dos males

dia destes comprei uma rifa de igreja, sorteio pela loteria federal. 
aí, um tempo depois, ouvi: 
ah, achei muito engraçado você comprar a rifa, tirei o chapéu prá quem conseguiu te vender...
mas por que tirou o chapéu!? me acha tão pão duro assim?!
não, não! é que você sendo ateu, né? ajudar igreja...? é meio esquisito...

aí eu ri e expliquei algo que por aqui já escrevi: apesar do meu ateísmo de muito tempo, nunca fui aversivo às coisas do espírito, seja lá o que for que a palavra espírito signifique... 
eu creio no poder da oração, creio no poder benéfico de qualquer religião. assim como no maléfico, devo dizer. creio na utilidade de existirem muitas religiões.
vivendo nesta época tão perigosamente medíocre, tão danosamente estúpida, tão lamentavelmente superficial como eu poderia deixar de ajudar esta ou aquela religião e religiosos que me convencerem de sua retidão? 

o assunto chegou no encontro da juventude com o papa que acontecerá no brasil e em que alguém próximo a nós está trabalhando ativamente como parte do comitê organizador. no que eu puder fazer para ajudar, conte comigo, eu disse. simpatizo com este papa, simpatizo com movimentos católicos, simpatizo com engajamento jovem em algo mais profundo e salutar, é óbvio.
algumas alternativas: poderosas e emicis, ou cada vez eu quero mais, ou tchê-rê-rê-tchê-tchê, ou tudo isso junto com muita droga lícita e ilícita e um imenso, negro e gelado nada devorando corações e cérebros. 
acho que no fim deixei claro o porquê de não ser esquisito um ateu preferir uma boa missa ao invés desta desgraceira toda. 
ainda mais no caso de um ateu religioso como eu.
e ainda tenho a chance de ganhar um carro zero.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

à revelia

No buddhismo tibetano, estudando e praticando sob a abordagem do Lam Rim, eu meditava e contemplava o renascimento nos infernos. Haveriam diversos infernos frios e quentes ao extremo e a instrução é para que sejamos o mais detalhistas possível com respeito a visualizar os tremendos sofrimentos que lá se passa.
Eu tinha grande dificuldade com esta meditação.
O objetivo da prática, até onde me lembro, era gerar o medo de cometer ações que levassem a tais renascimentos tanto quanto servir de ilustração para o que é o saṃsāra e ajudar a fomentar o sentimento de renúncia.
Uma vez que creio em renascimento, ou pelo menos considero tal possibilidade, pensar no inferno tem lá seus momentos de eficácia. Mas com respeito à ir gerando alguma renúncia, quase sempre me basta olhar por dentro e em volta do que ocorre aqui mesmo.
Existo à revelia não é de hoje. E sendo assim, não há outra vida que me seduza após esta aqui, podem vir com o paraíso que for que dispenso sem hesitação, podem me prometer ser um deus qualquer, tô fora! Então, porque cargas d'água ainda não despertei do pesadelo do saṃsāra? Porque não basta não querer renascer em outra vida. Isto, aliás, eu acho que é até comum, o ó do borogodó é desistir de renascer nesta aqui!

sexta-feira, 7 de junho de 2013

raio

A matéria de capa da revista superinteressante deste mês é 'Como Lidar Com A Tristeza'. A chamada diz o seguinte:

"Vivemos tempos de prosperidade, mas nunca tanta gente esteve tão deprimida. Afinal, o que está acontecendo conosco? Por que estamos tão tristes?"

Não sei.
E ainda não li a matéria.
Mas no meu trabalho ela se confirma. Só no meu grupo, de aproximadamente 120 pessoas, no momento, três casos de transtorno psico-emocional, um com afastamento, outro com pedido de demissão.
Com o terceiro caso eu conversava outro dia.
Sei que enquanto ouvia dos sintomas da depressão, do transtorno, da grande dor de uma solidão que esmaga o peito e apavora, das crises de choro e mergulho numa tristeza dolorida, das histórias da vida, das possíveis causas e traumas, talvez por ter em mente o frescor das palavras recém lidas e constantemente contempladas do Venerável +Bhante Katukurunde Ñanananda, experimentei um tipo de esvaziamento proporcionado por uma pacificadora sensação de igualdade de condições, de estar no mesmo barco furado, de se saber seguro de nada, de se contemplar como um fluxo turbulento de causas e condições incontroláveis.
Neste flash de esvaziamento uma amostra de paz, neste relâmpago uma compaixão assustadora e uma impotência diante da urgência de fazer algo.
Mas não soube o que fazer.
Nenhum conselho, nenhum abraço, nenhuma esperança ofereci.
Só olho no olho, alguns resmungos, um meneio de cabeça.                      
E, no final, sorrimos.

domingo, 2 de junho de 2013

e a melhor menor explicação...


...para quem viu o post anterior...

dukkha fractal



Fractais são figuras construídas de cópias menores de si mesmas. Essas cópias menores, por sua vez, são feitas de cópias menores e assim por diante, indefinidamente.
Ou veja na wiki.
Há possibilidades poéticas, filosóficas e científicas nos fractais.
Copiei a idéia acima do blog do Bikkhu Sujato.
Dukkha desde o nível subatômico até o cósmico, ou como você perceber...
Amplie a imagem...

sexta-feira, 31 de maio de 2013

não

estou cada vez mais convencido a só negar. afirmar qualquer coisa é um tiro no pé. o Buddha negava em sua pedagogia, e eu acho que categoricamente só afirmou duas coisas: o sofrimento e o seu fim. 
se você afirma alguma coisa, logo é identificado (e se identifica) com tal coisa de forma absoluta: dia destes afirmei minha concordância com a legalização da união homossexual. pronto, virei gay. ou ao menos 'ainda não' para aqueles que me ouviam. 

o Buddha até o momento para mim, afirmou coisa alguma com respeito a o que é o ser, só negou: o ser não é isso que pensa; se pensa, isto mesmo é que não é.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

simples ficando ll

na disciplina do Buddha, do encontro do objeto com a percepção surge o mundo.

se uma mente não desperta, mais ou menos assim: um carro... um opala... rosa... bonito... do mário... o que saiu do armário... e a mente não desperta segue se enrolando num emaranhado de conceitos. 
papañca-saññā-saṇkhā

se uma mente desperta:
um carro... anicca, dukkha, anattā, paz... um opala... anicca, dukkha, anattā, paz... rosa, anicca, dukkha, anattā, paz... ...anicca, dukkha, anattā, paz...  ... anicca, dukkha, anattā, paz... paz... paz...
paz.



entenda, melhor que eu, este processo fundamental no livro Concept and Reality do Venerável Bhikkhu Kaṭukurunde Ñāṇananda
só em inglês, por enquanto.

terça-feira, 28 de maio de 2013

diálogo entre religiosos

... então neste dia, que está próximo, haverá o julgamento e os merecedores ganharão a vida eterna num mundo renovado. 
e os que morreram?
ressuscitarão.
e os que forem julgados não merecedores?
permanecerão mortos ou morrerão.
não haverá punição?
não! só não serão recompensados com a vida eterna...
então deixarão de existir...?
sim, pode-se dizer que sim...
então, como não tenho como saber qual de nós está certo, caso você esteja eu já estou no caminho da recompensa que me interessa, não existir me parece bom...

domingo, 26 de maio de 2013

o pior cego

"O pior cego é o que quer ver."
Millôr Fernandes

"Tanto antes como agora, o sofrimento e sua cessação eu proclamo."
O Buddha

O Buddha ensinou só duas coisas. Coisas que não queremos ver. 
Uma, o sofrimento, a palavra original é dukkha. O consenso é que 'sofrimento' não é uma tradução perfeita, com o que eu concordo. Já fui quase convencido de que não é a menos ruim, mas por hora acho que é sim a menos ruim. Volto a isso num outro dia.
Evidente que não queremos ver o sofrimento, não queremos envelhecer, adoecer, morrer, perder,  sofrer.
A outra coisa que o Buddha ensinou, a cessação do sofrimento, também não queremos ver. Parece que queremos, mas acho que não. Já estive na presença de gente que 'só queria que essa dor passasse', mas aí é no fim, no extremo, quando não há mais o que fazer. Na maior parte das vezes, enquanto há o que fazer,  o que queremos é substituir dor por outra coisa. 
Pela cessação, pelo apagamento, pelo nibbāna talvez leve tempo para nos interessarmos.
Enquanto isso vamos tateando, cegos por ver demais, vendo o Dhamma do Buddha como queremos ver.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

simples ficando

pensamos 'o rio corre' e 'o rio corre' falamos. embora não haja rio algum além do correr. é o correr que é o rio. se não corre, rio não é. mas pensamos 'o rio corre' e 'o rio corre' falamos. na nossa cabeça há um rio que só há na nossa cabeça.

pensamos 'eu sou' e 'eu sou' falamos. embora não haja eu algum além do ser. é o ser que é o eu. se não for, eu não é. mas pensamos 'eu sou' e 'eu sou' falamos. na nossa cabeça há um eu que só há na nossa cabeça.

simples vai ficando quanto mais vejo através dos suttas iluminados pelas palavras do Venerável Bhante Katukurunde Ñanananda.

"When one says 'the river flows', it does not mean that there is a river quite apart from the act of flowing."

do 13º sermão da série Nibbāna - The Mind Stilled

Quando se diz 'o rio flui', isso não significa que haja um rio a parte do ato de fluir.

visite +Bhante Katukurunde Ñanananda 


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