Um colega meu fez cirurgia bariátrica. Estes dias estava mal. Devido ao período de transição da dieta, nada parava em seu estômago. Teve que apelar para um potinho de papinha industrializada e uns goles de bebida isotônica! Embora sem sentir qualquer sabor obteve mais uma pequena vitória na sua desgastante jornada rumo a uma melhor qualidade de vida. Conversando comigo ele disse que 'um filme passava pela cabeça': em vista de tudo pelo está a viver, como teria sido melhor não ter ganho tanto peso! Quão mais fácil teria sido uma disciplina alimentar preventiva! Tive que concordar com ele em parte mas lhe disse também que a vida muitas vezes parece não nos permitir perspectiva. Há fases em que somos de tal forma engolidos, temos tantas coisas 'mais importantes' com as quais nos preocupar que a visão de longo prazo simplesmente parece não constar no cardápio! A única coisa que importa são os descansos imediatos que possamos obter para aquele momento; os pequenos prazeres que possamos experienciar e que nos salvam da realidade indigesta que nos devora. Não nos preocupamos com o preço, qualidade ou quantas calorias tem!
Mantemo-nos facilmente no engôdo. Há servido a nossa disposição um variado e sempre renovado banquete de irresistíveis e reconfortantes delícias. Os sentidos nos guiando num degustar incessante e míope. Deleite e fuga simultâneos. Enquanto temos a ilusória impressão de que conseguimos algum alívio para a nossa massa de dissabores, acumulamos mais peso com o qual teremos que lidar de forma exaustiva e desastrosamente sofrida no futuro.
Aquela perspectiva que precisamos ter pode surgir com o espelho da sabedoria que o buddhismo nos oferece.
Mas precisamos ficar totalmente nus diante dele compreendendo o que, quem e como somos e estamos.
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