Nós envelhecemos e morremos. Mas a ordem é que permaneçamos jovens e imortais até que, enfim, morramos. O mundo gira para os jovens, lisos e belos, e é o que mantém o mundo a girar. Custe o que custar.
E custa.
Pois no pacote juventude vem fartas porções de irresponsabilidade, precipitação, impulsividade, estupidez, ignorância, futilidade, rebeldia, tolice, vaidade, ansiedade, obsessão e uma penca de outras coisas ruins pregadas a tudo de bom com que o vigor juvenil nos investe.
E custa.
Pois no pacote juventude vem fartas porções de irresponsabilidade, precipitação, impulsividade, estupidez, ignorância, futilidade, rebeldia, tolice, vaidade, ansiedade, obsessão e uma penca de outras coisas ruins pregadas a tudo de bom com que o vigor juvenil nos investe.
Até nas religiões está se valorizando os joviais, festivos e energéticos. Queremos mestres espirituais também lisos e belos, cerimônias animadas, queremos pular, cantar e dançar. Uma balada espiritual.
Nossos filhos tem poucos pais mas muitos amigos e quase nenhuma barreira para sua infantilidade ou cheia hormonal adolescente. Seguem pueris, bebendo, fumando, chingando, batendo, matando, se revoltando e procriando. Procriando coleguinhas com coleguinhas.
Nos enxergamos jovens enquanto consumimos o planeta que temos literalmente em nossas mãos graças aos incontáveis brinquedos dos sonhos com os quais podemos nos entreter agora.
É do que esta nossa vida precisa. Que nos mantenhamos encantados na juventude, que encubramos a dor, sufoquemos a tristeza, não pensemos no fim recorrendo a tudo que atabalhoadamente nos é oferecido para possuir e depositar sobre a verdade dolorosa, mais por ser ignorada que devidamente conhecida, do tempo que passa e de tudo que cessa.
Da maré de citações e referências que sempre banha este blog, lembro da "A Queda" do Lobão, em especial a última estrofe:
Da maré de citações e referências que sempre banha este blog, lembro da "A Queda" do Lobão, em especial a última estrofe:
Diante do medo um sorriso aeróbico
Nas bochechas a câimbra de uma alegria incompleta
Nada como um sorriso burro e paranóico
Para não perceber a velocidade terrível da quedaNas bochechas a câimbra de uma alegria incompleta
Nada como um sorriso burro e paranóico
Percebo agora que começo a me repetir. É a idade.
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