a realidade tem de ser medíocre como é.
é uma conclusão logicamente deduzida pelo autor neste que é um dos melhores livros que li recentemente e até nem tão recentemente.
não só por essa conclusão, como podem pensar os que passam por aqui vez ou outra. o livro é bom por muito mais: é um texto descomplicado sobre o complexo embate existência versus não existência, tudo versus nada. por que existe algo, afinal, se o nada parece tão mais... adequado? a pergunta fundamental e, segundo alguns, a única que vale o filosofar.
o autor narra seus encontros e conversas com pensadores atuais que se debruçam sobre o tema tanto quanto a sua própria jornada interior a contemplar as ideias elaboradas no passado pelos grandes da filosofia.
o livro termina com a citação atribuída a ambrose bierce em the devils's dictionary: "filosofia, s. um caminho de muitos caminhos levando de lugar nenhum a nada". e não importa eu contar como termina, você já sabia, o que vale é exercitar a mente, navegar no éter das ideias, sempre um alívio quando a solidez e o peso da realidade sobrepujam nossa tolerância. eu, ao menos, aprendi isso bem cedo.
vale conhecer hipóteses de filósofos ateus por vezes mais mirabolantes que a hipótese deus. vale ver que há possibilidade lógica para muito, desde um solar otimismo até a um turvo pessimismo. vale identificar notas e tons de nossos próprios arranjos filosóficos sobre o existir na fala de gente mais autorizada a pensar que nós. e, se você for buddhista, vale, acima de tudo, refletir se o Buddha foi ou não o mais sábio e luminoso ser que se registrou ter pisado nesta terra capenga. eu cada vez mais certo de que foi. dois capítulos em especial falam alto ao buddhista - it from bit e o ego: eu realmente existo? - é verdade que quando o Buddhadhamma vai sendo absorvido pelos neurônios, ou seja lá o que for a fonte da consciência, a gente vê dhamma até no domingão do faustão. neste livro, vai se resvalando com o dhamma aqui e ali até que bem no finalzinho o Buddha é breve mas explicitamente citado, de forma que interpretei simpática - a posição de um famoso monge buddhista sobre a pergunta título é classificada como a "mais interessante", inclusive (certo que em filosofia pode não ser um elogio...), isso depois de todos os encontros profundos e reflexões de mentes brilhantes.
a mais brilhante é a do Buddha, penso eu.
um mistério existencial, investigado sob a orientação do Buddha, leva também de lugar nenhum a nada.
mas não é o lugar nenhum onde sempre estivemos e o nada onde aquela possibilidade de sabedoria em nós sempre sussurra que devemos nos assentar?
é, sei lá...
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