parte das últimas palavras de um mestre da tradição das florestas da tailândia, luang pó piak, neste vídeo foram: "se quiser praticar pra valer contemple seu corpo e mente como sendo anicca, dukkha, anatta". ele responde à última pergunta das feitas por brasileiros e levadas a ele por iniciativa louvabilíssima do bikkhu mudito, monge brasileiro naquela tradição. perguntou-se se a prática de atenção plena, ou vigilância, ou presença mental, ou outra tradução que seja para a palavra pali 'sati', seria uma "prática de verdade", se "dá algum resultado". a resposta do mestre foi clara.
aquela pergunta revela parte do que compõe nossa dependência doentia da graça. nossa, de inutilidade difícil de perceber e de assim a reconhecer, procura pelo mágico. não sabemos o que ocorre aqui e agora, mas somos obcecados pelo que vem depois. e, ou, queremos algo especial, como explana o venerável sumedho neste magnífico texto. (texto não mais disponível no site. se eu reencontrar corrijo o link)
nada de mais é observar este corpo que decai momento a momento, sujeito à morte, à dor. esta mente que pula, esvai, turbilhona. estas sensações que atam. esta liberdade obediente à soberana ignorância.
quando finalmente compreendermos o discurso do fogo...
até lá, vamos enfeitando tudo, até a prática do dhamma, que deveria levar ao desapego, ao desencanto, ao desapaixonamento. que deveria estar voltada para a completa percepção da mediocridade da vida, para então partir em busca de outra coisa. mas não, ainda encantados pelo mundo saímos em busca de um encanto maior, concebemos uma fonte de bênção que nada mais é que reflexo desta mesma condição desgraçada, mas embebida no perfume que ideamos.
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