A turma da foice dos mensageiros divinos está fazendo horas extras por aqui.
Agora foi um primo, vinte e cinco anos, ataque cardíaco de causa a se descobrir.
Acompanhar do surgimento à cessação, da saída do útero à entrada na cova, como eu acompanhei toda a sofrida trajetória daquele bom menino, pois que era um menino bom, do tipo de pessoa que permanece boa mesmo que, fosse ruim, gozasse de um inegável direito ao perdão, ah, minha amada e excêntrica família, que mensagem poderosa pode ser... Como acompanhar qualquer coisa que surge e cessa o é. Mas uma vida é um espetáculo macro, no tamanho suficiente para a nossa míope sabedoria discernir coisa ou outra...
O corpo ali e meu diálogo interior temendo o tempo, uma questão de tempo... Eu e minha amada e excêntrica família sofremos... Como tantas outras, mais ou menos excêntricas...
O jovem coração de tanto macerado desistiu, eu concluo. Considerem todas as possibilidades literais e figuradas para esta frase... Imaginem.... Seja o que for que não saibamos ser, o coração desistiu... E eu entendo...
Acompanhar uma vida toda assim nos dá uma impressão única da vanidade completa e absurda de estar aqui... Diante do caixão me vem as lembranças... Eu já deixando de ser menino pegava o menino no colo, o menino sorrindo, chorando, vez ou outra até brincávamos... Menino crescendo e a vida desabando sobre ele, a vida o enterrando vivo, e me causava angústia imensa... Sem perguntas, por favor, só ouçam... Conversávamos e conversávamos e eu julgava que podia ajudar, eu achava que podia entender mas, se acabou assim, me enganei... Poucas vezes na vida, muito poucas mesmo, experimentei a dor da compaixão com tamanha intensidade quanto naquelas conversas, naquelas conclusões, naquelas lembranças... Ainda agora me arranha o peito...
Há alívio hoje. Ainda que egoísta. Alívio de estar apartado do sofrimento alheio. Leva ele consigo algo? Há algo? Quem sabe? Confio em quem me parece saber, tenho fé, nada mais...
Confio, tenho fé que da bondade resistente do bom menino surgirá algo melhor, uma boa colheita haverá.
A mim, o que deixa aquilo que surge e cessa? Uma mensagem, clara e profunda, a ser decifrada e compreendida. Possamos nós, minha amada e excêntrica família, não desmerecer esta mensagem.
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