não é um livro para religiosos.
mas se forem buddhistas, talvez possam gostar, assim como eu.
o que faz a fama de sam harris é o seu franco combate ao teísmo. especialmente às religiões fundadas nas mitologias de criação por deus ou deuses e todos os absurdos que seguem no rastro. aquele religioso que traveste sua crença de conhecimento e reza para que um dia ela seja partilhada ou imposta, se necessário, nem considere a leitura.
também aquele espiritual que crê serem as religiões meramente diferentes caminhos para o mesmo fim, pare por aqui.
pois sam harris afirma que não são. expõe simples e claramente as diferenças e aponta o porquê de algumas crenças serem mesmo obstáculos intransponíveis ao progresso espiritual que ele julga conducente ao objetivo maior.
o objetivo maior é a constatação direta de que este eu que sentimos estar experimentando o mundo atrás da testa, não existe, nunca existiu, nunca existirá.
parece coisa de buddhista.
e é, do início ao fim.
o caminho para realizar o objetivo supremo da espiritualidade ele diz não ser outro que o cultivo mental, através da atenção ao momento presente conforme ele vai se manifestando via nossos sentidos e mente.
buddhismo simples e franco, despojado de complicações como é o bom buddhismo.
penso eu.
sam harris relata longa experiência em meditação sob orientação de mestres famosos. o grande mestre de sua vida foi o lama tibetano tulku urgyen rimpoche, de quem afirma ser a pessoa que lhe concedeu o ensinamento mais relevante de toda a sua vida.
sam harris é graduado em filosofia e doutor em neurociência pela universidade da califórnia.
mas também não há condescendência, nem para com a ciência, nem para com amigos com quem partilha sua cruzada ateísta: a ciência não faz ideia do que seja a mente, embora possa concluir coisas importantes a partir da observação da atividade cerebral e a espiritualidade é algo fundamental como uma busca por escapar quando se constata a realidade de que a vida, a existência é, assim, algo bem precário e insatisfatório.
dukkha, para os iniciados.
fiz inúmeras anotações e não é viável citar tudo o que acho relevante, mas uma passagem achei genial e um trecho resume meu pensamento enquanto religioso:
a passagem: ele compara o sentimento do "eu" ao ponto cego ocular. se você não sabe o que é o ponto cego ocular, pesquise no google. há até execícios bem divertidos para explorar o ponto cego. depois compare com aquilo que se disserta sobre o atta, o eu, no buddhismo. insight é uma possibilidade.
o trecho:
A verdade é que, seja lá o que for que aconteça após a morte, é possível se justificar uma vida de
prática espiritual e autotranscendência sem fingirmos que sabemos o que não sabemos.
e é só isso.
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