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terça-feira, 19 de agosto de 2014

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mais uma tradução devidamente revista.
e autorizada pelo autor.
aqui o original.
e aqui.



Existência Significa Controle


Por Bhikkhu Ninoslav Ñāamoli




Para que algo exista (bhava), a fim de que exista em um sentido completo e apropriado, tal coisa tem de estar presente, em primeiro lugar, na forma de uma experiência plena. Quando eu digo "presente", isto deve ser entendido no sentido de que só podemos "encontrar" as coisas se estas já estão lá, no mundo. (Cf. a afirmação de Sartre em O Ser E O Nada que cada coisa nos chega com o passado). O fato é que as coisas só podem ser encontradas quando já estão presentes e isso significa que - fundamentalmente falando - estão além do controle1, não se pode ser o seu criador. Assim, a experiência como um todo não pode ser controlada; o máximo que uma pessoa pode fazer é modificar um já determinado estado de coisas, em um nível mais específico.

Tome-se os cinco agregados como exemplo: a sua natureza é aparecer, desaparecer, e mudar enquanto aparente, de acordo com o que é. É somente por upādāna que esta característica é obscurecida2, e ao invés dela, em tal caso, o ego aparente torna-se o agente fundamental do processo ou, pelo menos, esta é a forma como ele aparece a um puthujjana. Aquele que não está livre de upādāna, e da certeza de um ego, confunde o fato de que os cinco agregados (ou, neste caso, os cinco agregados apegados) podem ser modificados ou afetados, uma vez que surjam, com a noção de que eles podem ser controlados. Esta noção de controle também suporta (ou nutre) a visão de que o 'eu' é seu criador, o que por sua vez alimenta aquela noção, e assim indefinidamente. É por isso que com o 'ego' surge a percepção de domínio sobre a própria experiência

Attā, "eu", é fundamentalmente uma noção de domínio sobre as coisas.

(Ñāavīra Thera, Notes on Dhamma, DHAMMA)

O ego, então, como um "mestre", aparece como algo diferente, algo além dos cinco agregados apegados. Além disso, o ego continua achando a prova de sua existência constantemente ao interferir e modificar (quando possível) os estados surgidos dos cinco agregados apegados. O ego encontra prazer em fazê-lo.

Por outro lado, se o ego visse que, a despeito de toda a prova, o seu domínio na verdade requer (ou diretamente depende) dos cinco agregados, a noção de controle cessaria3. Isso deixa claro que o "ego" não pode exercer qualquer controle fundamental sobre o seu aparecer, desaparecer e mudança enquanto aparente. É por esta razão que por contemplar isto pelo tempo suficiente é possível tornar-se um arahat:

Então, monges, naquele tempo, o Buddha Vipassī permaneceu contemplando o surgimento e a cessação dos cinco agregados apegados ... E conforme ele permaneceu contemplando o surgimento e a cessação dos cinco agregados apegados, em pouco tempo sua mente se libertou do grilhões, sem restar vestígio.

(Mahāpadāna Sutta, Dīgha-nikāya 14 / II, 35)

Notas:

1 Ainda que se possa controlá-los, primeiro eles têm que existir. Em outras palavras - por sua própria natureza o controle é visto como algo além do nosso controle.

2 De fato, não é só a característica que é obscurecida, os cinco agregados não são vistos na maioria das vezes.

3 Porque para um puthujjana não é suficiente ver isso uma apenas vez. É somente com a repetição deste insight (alcançado através do esforço), que a visão habitual de controle irá desaparecer, e ser substituída (aos poucos também) pelo ponto de vista de uma inerente falta de controle - a visão da impermanência. Quando se vê que a impermanência subjaz a todos os projetos do ego, o ego deixa de ser ego, pois sem exercer controle essa individualidade não pode subsistir. (Cf. Ñāavīra Thera, Notes on Dhamma, PARAMATTHA SACCA, parágrafo 6)

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