no filme o diretor fernando meireles, a certa altura, usa um recurso muito interessante para traduzir a experiência da cegueira: numa sala vazia, objetos vão surgindo na medida em que um cego caminha por ela e se 'choca' com o espaço.
o livro homônimo que deu origem ao filme, como a maioria dos que passam por aqui, creio eu, sabe, é o do nosso senhor josé saramago.
o livro homônimo que deu origem ao filme, como a maioria dos que passam por aqui, creio eu, sabe, é o do nosso senhor josé saramago.
logo no início da série de sermões 'nibbana - the mind stilled' explica o venerável ñanananda: "O Buddha disse que o mundano é cego, pelo menos até o olho do Dhamma surgir nele. Assim, o mundano cego reconhece um objeto exatamente pela resistência que ele experimenta ao bater contra esse objeto". o mundano é aquele que segue a corrente do mundo, aquele que não sabe do Buddhadhamma.
mas este 'bater' de que fala o venerável não é aquele de corpo contra corpo, mas de fenômenos 'contra' as seis portas dos sentidos (olho, ouvido, pele, língua, nariz e mente). tal 'impacto', explica o mestre com profundíssima visão, é o que nos causa o expontâneo emaranhamento na 'realidade' samsárica. deste impacto surgem o que ele explica como sendo 'nomes formais', conceitos que sobrepomos ao fluxo do mundo e nos fazemos então cegos para o mesmo mundo tal como é. alguém pensou em sankhāra?
similares aos cegos do saramago, sofremos, enquanto mundanos, de uma 'cegueira branca'. chocando-nos preenchemos espaços vazios com entidades 'sólidas' do tipo eu, você, agradável, belo, feio, vida, morte... formando nomes e nomeando formas, explica o mestre ñanananda.
não, não é simples nem fácil compreender e muito menos explicar sem compartilhar da visão profunda de um mestre do quilate do venerável ñanananda. mas o bjetivo aqui é meramente instigar, provocar a reflexão, fomentar a curiosidade de analisar, compartilhar o interesse de contemplar com a ajuda, talvez involuntária e mesmo insuspeita, de uma obra que, tanto em sua forma literária quanto na filmográfica, me inculcou a pertinência com respeito a assunto tão fundamental para a vida de um buddhista. e não só este explicitado aqui, há mais para um buddhista refletir nesta obra.
e claro, ainda mais, muito mais, despertar o interesse pelo pensamento do venerável bhante katukurunde ñanananda. infelizmente, só em inglês por enquanto, veja no "mapas no caminho" aí ao lado.
mas há alguns trechos em português aqui:
Nenhum comentário:
Postar um comentário