voltei nesta semana ao livro criação imperfeita do prestigiado físico brasileiro marcelo gleiser. o livro é uma exposição da busca pela unidade e uma crítica a esta mesma busca.
os físicos anseiam pela lei que unificará os mundos micro dos átomos e seus componentes e macro das galáxias, planetas e pessoas. de quebra a lei explicará tudo do início ao fim. tudo. os metafísicos pela unidade ou clamam já tê-la encontrado e dão os nomes: deus, brahma, essência, um.
o autor afirma que são expressões do mesmo engodo.
desde os primórdios da ciência ocidental, na grécia antiga, os pensadores manifestam esta necessidade de explicar o todo como tendo surgido do um, uma causa primeira, um princípio essencial, uma lei que, uma vez descoberta e compreendida, a tudo dará sentido, explicará, iluminará. de então até hoje a mesma esperança.
em religião nem é preciso dizer. é da mesma raiz a necessidade metafísica de validar a existência. é o mesmo anseio que concebe o divino, a alma, o eterno, a perfeição oculta que afinal nos salva de toda a imperfeição evidente. há, da mesma forma, a esperança de finalmente nos unirmos com a verdadeira essência e aí, só alegria e sentido para tudo. esta convergência exibe o poder da caudalosa corrente do mundo.
mas não. até agora nem sinal de tal unidade. ao menos não em física. em física, segundo o livro, muito há que sugira o existente como resultado de conflito, desequilíbrio, imperfeição, assimetria. as esperanças parecem vãs.
e aí eu só consigo pensar numa palavra, um doce para quem adivinhar...
lendo este livro em paralelo com the concept of empty in pāli literature do ven. medawachchiye dhammajothi thero, eu vou me extasiando com a retidão do Buddhadhamma. reflito sobre o que o Buddha, logo após o despertar, pode ter sentido quando pondera sobre as dificuldades de ensinar o que havia visto. o tamanho do gigantesco problema de afirmar que nenhuma causa primeira pode ser discernida, nenhum criador, nenhuma divindade salvadora, nenhuma essência com a qual se unir, nenhuma alma, nenhum ego, nenhuma perfeição oculta que valide a vida e que esta tão amada existência é, no final das contas, um turbilhão de enganos, uma tentativa, sempre fracassada, de ser, a eternidade de uma ausência impossível de ser preenchida.
dukkha.
ir da página de um para a página do outro nutre a certeza de que a frase pubbecahaṃ etarahi ca dhukkhaṃ paññapemi dukkhasa ca nirodhaṃ (tanto antes como agora eu ensino apenas dukkha e a cessação de dukkha) é a chave.
é o todo, é a essência.
visite +Bhante Katukurunde Ñanananda .
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