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terça-feira, 11 de março de 2014

parei de meditar

parei de meditar.
o caminho é cheio de sutilezas, isso é coisa que se vai aprendendo. 
ajahn chah, numa palestra, fala que alguém o questionou sobre o motivo de aparentes contradições que via nas orientações que ele dava a diferentes alunos. ele explicou que diferentes pessoas tem diferentes caminhadas e se desorientam por desvios diversos, daí a necessidade de puxar alguns para um lado, empurrar outros para outro, segurar estes e largar aqueles... leio tantas coisas de ajahn chah que não sei qual palestra é, mas está por aí pela rede (ou em livros). você vai acabar achando, se for como eu. graças ao pouco mérito que creio ter acumulado, meu diálogo com os mestres se dá por esta mão. plantei limões, e com eles vou fazendo minhas limonadas. dependendo da sede chupo alguns in natura.
então, parei de meditar.
num tempo a meditação foi ficando uma coisa de outro mundo, por assim dizer. muita expectativa por alguma coisa especial demais, alguma revelação talvez, algum estado, alguma super visão... e isso atrapalha e muito desanima, porque você senta e levanta o mesmo, aparentemente. daí você para.
mas não abandonei a meditação. 
tomei distância para refletir e contemplar e estudar. dei um tempo.
quando quebrei a rotina do sentar forçosamente na busca pelo momento especial, a rotina nada especial da vida se destacou como fonte de prática e insight. porque sem o dhamma não consigo ficar, meus limões são de boa qualidade e fartos, descobri. só tudo isso.
e o momento de sentar de novo se impôs.
é aí que redescubro o valor da meditação. aquilo, que as expectativas e intenções passaram a ocultar, recupera o frescor. as rotinas se integram novamente. breves momentos de paz, modestas visões, diminutos insights com sua grandeza visíveis de novo, deixando marcas na mente e transpassando o ordinário de cada dia.
cada um é um. cada um com sua passada, seus tropeços, suas paradas. para mim, vai sendo assim. na impossibilidade de dizer algo, digo uma só coisa: se entrar nessa senda, nunca pare de meditar.

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