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quinta-feira, 9 de abril de 2009

Fé em Pañña


Ter fé em pañña, significa confiar que realizar a verdadeira natureza dos fenômenos tais como eles são, dukkha, anicca e anatta leva à pacificação de todos os nossos tormentos.
O objeto de pañña é o 'mundo', ou seja, o todo de nossa experiência mental/sensorial. Por estarmos num estado em que carecemos do conhecimento da verdade dos fenômenos e em que, por isso mesmo, criamos ilusões em profusão nos mais variados níveis e fazemos disso o nosso mundo, a fé em pañña tem uma importância crucial para nós. É dessa fé/confiança que surge o sentimento do valor e da necessidade da introspecção e a energia para nos comprometermos com a vigilância (sati), com os treinamentos, com a prática formal de meditação e o estudo. Ou seja, tudo aquilo que aumente a nossa sabedoria.
Sabedoria, ou pañña, é muito mais que 'saber'. É perceber de forma atenta e sagaz, investigar e analisar o 'mundo', transformando a mente no que diz respeito ao seu próprio funcionamento e não apenas pelo acréscimo de conhecimento.
O cultivo de pañña corrói o apego (upadana). A mente que funciona de acordo com pañña liberta de upadana por que sabe, por entender-se também a si mesma, que não há ao que apegar-se, que para que o apego surja, algo inexistente, falso, precisa ser criado e, sendo falso, só pode gerar problema (dukkha)!
Sendo o 'mundo' o objeto de pañña, um efeito imediato para quem tem fé neste fator mental e busca cultivá-lo é uma maior tolerância para com a vida. Enfraquece nossa habitual vontade de estar em outro lugar ou de outra forma no momento em que nos lembramos de que estamos exatamente onde pañña, que nos libertará, age! Para onde quer que vamos, como quer que estejamos, estamos no 'mundo' e o 'mundo', enquanto não percebido por pañña, nos trará problema.
De um jeito ou de outro.
Mais cedo ou mais tarde.
Segundo o Buddha.
Então, por isso eu penso que precisamos compreender, valorizar e cultivar esta fé e confiança nesse fator. E no Buddha. Pois o Buddha nos assegura que, apesar do medo que possamos ter, não há paz que supere àquela do fim do 'mundo'.


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