feliz foi o nome dado pelo mais novo da casa ao recém chegado cão.
os mais novos, com a desculpa justa da imaturidade, carecem de olhos precisos, tudo que lhes parece bom é totalmente bom. feliz ficou sendo.
a manhã daquele dia raiara obediente às preces e desejos de todos. seria dia de praia. que felicidade. e a felicidade do dia estava plena daquele poder que tem de cegar, excitar, confundir. batiam uns nos outros nas céleres arrumações para o passeio. feliz saltitava.
nós, que agora observamos a cena, apesar de podermos sugerir alguns outros nomes como fiel, amigo, belezinha, carinhoso, não temos como discordar do batismo feito pelo menor de todos: feliz era isso mesmo acima de tudo.
feliz, por misteriosa influência do nome, ou mais certo, meramente por ser um cão, era incapaz de ver que o passeio não era para ele. feliz ficaria.
um grita daqui, outro cobra de lá, aquela responde, alguém confirma: tudo pronto! vamos embora.
feliz fica. agora só nome.
na barafunda daquela manhã, entre ralhos e afagos, inventaram coisas demais para muitos darem conta. ninguém lembrou da vasilha de água.
feliz já sentia sede.
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